Exemplo

Prevenção faz gasto diminuir 

Sem grandes hospitais, prefeituras investem em cuidados com a saúde e reduzem internações

Por Tâmara Teixeira Enviada especial
Publicado em 30 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
Jordânia Horta não teve dificuldades para se tratar com psicólogo Fotos Alex de Jesus

Alvorada de Minas e São Gonçalo do Rio Abaixo. Sem contar com grandes hospitais e equipamentos de última geração, as pequenas cidades de São Gonçalo do Rio Abaixo e Alvorada de Minas, ambas na região Central, fazem exatamente o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda: investem em ações de prevenção na atenção básica de saúde. A experiência da organização mostra que cerca de 80% dos problemas de saúde nos países poderiam ser resolvidos ainda na atenção básica, o que evitaria parte importante das internações hospitalares.

Nas duas cidades mineiras, que lideram o ranking de aplicação de recursos em saúde, grupos formados por médicos e moradores fazem a orientação básica da população sobre cuidado como risco de diabetes, hipertensão, insônia e escovação correta dos dentes.

A iniciativa tem conseguido dois resultados: a diminuição da demanda por internações e da necessidade de mandar pacientes para cidades maiores, com a estrutura hospitalar melhor, além da economia. Com menos pacientes transferidos, diminui o gasto da cidade de origem com o atendimento feito no sistema de consórcio.

O acesso mais próximo e o acompanhamento rotineiro dos moradores, diz a médica cubana Elbis Goulet, que atende na zona rural de Alvorada de Minas, provocaram uma queda significativa nos casos de crises em diabéticos e em pacientes hipertensos.

A prefeitura não tem estatísticas que confirmem a observação da médica. “Orientações básicas sobre alimentação e cuidados de higiene têm se refletido na queda de casos de esquistossomose, que eram muito comuns aqui”, diz a especialista.

O colega de trabalho da cubana Cristiano Rabelo Pires também trabalha de olho na prevenção de problemas. “Algumas noções de postura, por exemplo, diminuem a demanda por ortopedista, que é um especialista que ainda não temos”.

Em São Gonçalo do Rio Abaixo, a queda na procura por atendimento no pronto-socorro de crianças e adultos com crises respiratórias é uma constatação. “Incluímos um pneumologista na equipe do Programa Saúde da Família (PSF) porque os casos eram comuns”, diz a secretária de saúde municipal, Renata Fonseca, que agora aponta um cenário menos preocupante.

O diretor de defesa profissional do Sindicato dos Médicos de Minas, Eduardo Filgueiras, reforça a importância de um trabalho bem feito na atenção básica. Ele lembra que os gargalos costumam aparecer na atenção secundária, onde são feitos exames mais complexos, e na terciária, com as internações. “No acompanhamento mais próximo de pacientes crônicos, é possível evitar internações. Além disso, conseguimos detectar doenças graves em estágio inicial”.