Sucessão

PSDB discute futuro e não descarta de alianças em Minas

Diretório mineiro aguarda decisão nacional para definir se terá candidatura própria ou fará coligações no Estado

Por Thaís Mota
Publicado em 20 de setembro de 2021 | 04:00
 
 
Paulo Brant, vice-governador de Minas Gerais Foto: Uarlen Valerio

Pela primeira vez desde sua criação, o PSDB pode não ter candidato ao governo de Minas Gerais no ano que vem. Ainda não há uma posição definitiva do partido, mas os tucanos não escondem que existem boas chances de uma aliança pela reeleição do governador Romeu Zema (Novo). A decisão não deve ser tomada antes de novembro, quando a sigla realizará prévias para definir o nome a disputar o Palácio do Planalto em 2022. O PSDB participou e venceu várias eleições ao Executivo mineiro ao longo dos anos, com nomes como os de Eduardo Azeredo, Aécio Neves e Antonio Anastasia, este último já fora do ninho tucano. 

Atualmente, o PSDB já compõe a base do governo Zema no Estado e acumula importantes funções, como a de vice-governador, com o recém-filiado ao partido Paulo Brant, a de líder do governo na Assembleia, com o deputado Gustavo Valadares, e a Secretaria de Planejamento e Gestão, ocupada por Luísa Barreto. “Eu não posso sacramentar agora o apoio à reeleição, mas acho que esse é o caminho natural”, disse Valadares.

Inclusive, não é descartada a possibilidade de que, em uma aliança com o Novo, o PSDB fique com a vaga de vice-governador e que ela seja ocupada, novamente, por Paulo Brant, que já foi filiado ao partido do governador e saiu por divergência com a legenda.

“É claro que, se o PSDB fizer uma aliança com o Partido Novo, obviamente a possibilidade de fazer parte da chapa majoritária é possível, ou como vice, ou com o candidato ao Senado. Mas, do ponto de vista pessoal, eu estou tranquilo, não tenho essa fixação, e o que acontecer vai ser bom. Pode ser que eu entre e pode ser que eu não entre”, disse Brant, que afirmou não ter interesse em concorrer a uma vaga para deputado.

Já o presidente do partido em Minas, deputado federal Paulo Abi-Ackel, embora também não descarte uma possível aliança, afirma que ainda é necessário definir os rumos que o PSDB vai tomar a nível nacional.

“Enquanto não houver uma definição no cenário nacional e, principalmente, enquanto o PSDB não decidir exatamente que caminho tomará nas eleições presidenciais é impossível tomar uma decisão aqui em Minas. Mas, é inegável que nós temos hoje um entrosamento com o governo Romeu Zema e, além disso, um alinhamento na agenda de governo, inclusive, em relação a um pensamento mais liberal”, disse. 

Entre as pautas que aproximam os dois partidos, Abi-Ackel citou ainda a oposição ao PT, enquanto a diferença ou a distância entre as siglas é, principalmente, em relação à visão da política propriamente dita. Inclusive, segundo o vice-governador Brant, foi isso que o afastou do Novo e o fez voltar ao PSDB, de onde havia saído em 2015. 

Alianças

Embora, inicialmente, a posição do partido Novo fosse contrária a coligações, Zema tem declarado que essa é uma possibilidade. “Acho que faz todo sentido que o PSDB caminhe conosco de alguma forma, já que está na base desde o começo do governo”, disse o secretário geral de Governo, Mateus Simões.

O presidente do Novo em Minas, Ronnnye Antunes, ressalta que ainda não há uma definição do diretório nacional, mas houve uma sinalização positiva para que iniciasse conversas no Estado para possíveis alianças e que elas não seriam restritas ao PSDB. “O PP e PSDB têm boa aproximação do partido”, concluiu. 

Mudança

O PSDB e o Partido Novo esperam que a definição sobre as composições para a candidatura ao Palácio do Planalto possam ter reflexo na formação da aliança em Minas Gerais.

O presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, admitiu que o partido estuda abrir a possibilidade de coligações. “As coligações não estão descartadas, tanto no âmbito nacional quanto no estadual. O mais importante é a construção de uma agenda convergente e o mais alinhada possível com nosso conteúdo programático. Mas a definição ficará mais pra frente, até porque depende de convenção nacional”, esclareceu.

O PSDB espera o apoio do Novo a uma candidatura presidencial. “As peças do tabuleiro na eleição nacional vão interferir aqui. O que me dá certo otimismo quanto a essa questão de uma aliança com o Novo é que a direção nacional do Novo tem se mostrado muito aberta à composição nacional, à busca por um nome de terceira via que pode ser, de repente, um candidato do PSDB. Por que não Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul?”, avalia o deputado Gustavo Valadares (PSDB), líder do governo. 

Partidos

O secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Adalclever Lopes (MDB), articulador da candidatura do prefeito Alexandre Kalil (PSD) ao Palácio Tiradentes, garante que o ex-cartola terá a maior aliança em Minas. 

“O prefeito já está conversando com os partidos, os presidentes têm se reunido constantemente com o prefeito, e a maior aliança até agora deve ser do prefeito Kalil”, disse. “Todo partido que quiser apoiar, a gente tem interesse, como temos interesse também no DEM, do Rodrigo Pacheco, como temos no PT”, completou, ao ser questionado sobre o PT. 

No entanto, ele avalia que as negociações para a chapa majoritária dependerão do Senado, que pode retomar as coligações nas eleições proporcionais, que foram abolidas do sistema a partir de 2017 e retomadas em um projeto de lei aprovado no mês passado na Câmara e sob a análise do Senado. “Enquanto não tivermos o modelo que vai ser a eleição, é muito difícil definir. Porque com coligação muda tudo, e sem coligação é outra história, e cada partido precisa fazer a sua chapa”, disse. 

PT

No lado oposto ao do governador Romeu Zema (Novo), o PT, que deve ter como expoente na disputa nacional o ex-presidente Lula, vislumbra candidatura própria ao Palácio Tiradentes, mesmo que, nos bastidores, algumas lideranças ainda tenham a esperança de ver o partido caminhando em conjunto com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). 

“Em Minas, a tese que ganhou força no partido é a tese da candidatura própria. Até mesmo pelo crescimento do Lula no Estado e pela necessidade de construir um palanque forte no Estado”, disse Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas.

No entanto, Silveira ponderou que não está “descartado definitivamente um diálogo com Kalil”, mas que hoje não há qualquer iniciativa do prefeito de aproximação com a legenda. “O próprio Kalil não tem feito demonstrações de interesse em uma aliança com o PT. As declarações do Kalil, recentemente, são no sentido de que ele deve caminhar sozinho com a candidatura dele e que ele não estaria cogitando uma aliança formal com o PT, pelo menos não em primeiro turno”, afirmou. Silveira ressalta que, até o momento, o prefeito não se mostrou aberto às negociações. 

O vereador de Belo Horizonte Pedro Patrus (PT) também afirma que, hoje, “não tem esse diálogo” com o prefeito Kalil. “Se o prefeito for candidato a governador e achar que o PT pode contribuir, o PT está aberto ao diálogo de quem é contra o Bolsonaro, de quem pensa um país diferente desse atual governo. Qualquer candidatura que não seja uma candidatura que tenha participado do golpe, que tenha uma linha de defesa da democracia e da vida, tem diálogo com o Partido dos Trabalhadores. Então, não está descartada, mas também não tem nenhum tipo de conversa”, pontuou. 

Atualizada às 11h49