Eleições 2020

PT busca aliança com siglas de esquerda para sobreviver

Ideia é unir legendas contra a onda de direita impulsionada por Jair Bolsonaro na Presidência

Por Ana Luiza Faria
Publicado em 20 de julho de 2019 | 03:00
 
 

Os partidos de esquerda já começaram a se organizar com o objetivo de eleger o maior número de prefeitos e vereadores nas eleições do ano que vem. Nos bastidores, sobretudo do Congresso Nacional, as conversas sobre uma aliança entre o PT e o PSOL avançam. “O diálogo já está acontecendo, não apenas com o PSOL, mas também com outros partidos de esquerda”, contou um parlamentar federal mineiro do PT que participou das conversas, mas pediu para não ser identificado. 

A ideia do PT de fazer alianças com outros partidos de esquerda é para tentar fazer frente às candidaturas de direita, impulsionadas pela eleição de Jair Bolsonaro ao Planalto. A junção das siglas seria uma forma de sobreviver e manter bandeiras históricas.

O deputado federal Rogério Correia (PT) contou que, na Câmara dos Deputados, existem conversas informais sobre uma aliança para o pleito do ano que vem entre o PT, o PSOL e o PCdoB. “Eu, particularmente, sou um incentivador dessa ideia. Em Brasília, também temos do nosso lado a Rede. Acho que a união desses partidos seria importante para a esquerda, seria uma resistência a esse governo que destrói direitos do povo”, afirmou. 
Para Correia, a junção das legendas da esquerda para disputar as prefeituras teria como diferencial uma aliança programática. “Não estaríamos mais ao lado de partidos do centrão, como, por exemplo, o MDB”, disse.

Já o deputado federal Odair Cunha (PT) explica que a ideia de atuação nas eleições do ano que vem é construir uma “frente de esquerda” composta pelos partidos de oposição ao Planalto. Entre as siglas, ele citou o PDT, o PSC, o PCdoB e o PSOL. “Essa seria uma aliança nacional. Mas as conversas ainda estão em fase inicial”, conta.

Distância

No entanto, apesar do desejo do PT de se juntar às siglas de esquerda, a presidente do PSOL em Minas, Maria da Consolação, negou que haja conversas sobre alianças com quaisquer partido. “Nós do diretório estadual ainda não fizemos nenhum debate sobre as eleições de 2020, nessa perspectiva de alianças”, declarou Maria da Consolação.

“Estamos com todo mundo que está nas ruas lutando. Estamos com todas as organizações de esquerda e sociais, contra a retirada dos direitos. A sigla está organizando a participação da militância nas lutas sociais”, disse Maria da Consolação. 

Tática

Para Correia, a esquerda precisa formar uma coligação maior nas capitais. “Assim, podemos escolher o melhor candidato para cada cidade, independentemente da sigla”, disse. 

Estratégia

Partidos tradicionalmente rivais, PT e PSDB, mesmo passando por um momento em que são alvo de críticas e denúncias no Estado e no país, pretendem lançar o maior número de candidatos a prefeito no ano que vem. 

Segundo a presidente do PT em Minas, Cida de Jesus, a legenda pretende dobrar o número de candidatos para prefeitos e vereadores em relação a 2016. Naquele ano, o PT teve 203 candidatos disputando os cargos nos Executivos municipais e elegeu 41. Em 2012, o partido tinha elegido 113 chefes de Executivo. 

“Em 2016, nós estávamos nos recuperando do golpe contra a esquerda, e o partido principal da esquerda era o PT. Agora, você pode ter certeza de que nós vamos dobrar a quantidade de candidatos. Nós vamos recuperar o que éramos, porque a sociedade percebeu que (o impeachment de Dilma Rousseff) foi um golpe contra a democracia e contra o direito dos trabalhadores do Brasil”, disparou.

Já o PSDB pretende repetir a tática de ter candidatos no maior número de cidades possíveis. “Estamos trabalhando as bases, conversando com prefeitos, vereadores e vice-prefeitos. Estamos energizando o partido para manter o desempenho de 2016. Hoje nós governamos um bom número de cidades grandes em Minas e também de municípios médios e pequenos”, disse o deputado federal e presidente do PSDB no Estado, Paulo Abi-Ackel. Na última eleição municipal, os tucanos fizeram 132 prefeitos e, em 2012, foram 137.

Sobre alianças, Abi-Ackel disse que ainda é muito cedo para essa discussão. O deputado garantiu que o partido se colocará como uma opção à direita e à esquerda. “O PSDB buscará se apresentar como um partido de centro, com a ousadia de mostrar que o centro é melhor do que os partidos radicais, tanto de esquerda quanto de direita”, afirmou. 

Na capital, os tucanos garantem que terão candidatura própria. “Não temos o nome definido, mas com certeza teremos uma candidatura”, disse Abi-Ackel. 

Composição

Sobre alianças, Cida disse que a aliança do PT “é com o povo”, mas que estão conversando com outras legendas, entre eles, o PSB, o PCdoB e setores do MDB e do PDT.