Lava Jato

Recibos não seriam autênticos

Segundo força-tarefa da operação, ex-presidente Lula apresentou papéis “ideologicamente falsos

Por Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 

São Paulo. A força-tarefa da operação Lava Jato apresentou alegações finais no procedimento que apura se a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva forneceu recibos de aluguel falsos ao juiz Sergio Moro. Os investigadores reiteraram que consideram tais documentos “ideologicamente falsos”.

O procedimento, chamado “incidente de falsidade criminal”, tramita paralelamente à ação penal em que o ex-presidente é acusado de receber propina da Odebrecht para adquirir um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo, no valor de R$ 12 milhões. A mesma ação também aborda a suposta compra, por Lula, do apartamento vizinho ao que mora no edifício Hill House (R$ 504 mil), em São Bernardo do Campo, com dinheiro da Odebrecht. Segundo a acusação, o imóvel, adquirido por Glaucos da Costamarques, era ocupado pelo presidente, que nunca havia pagado aluguel pelo uso até 2015.

A defesa de Lula, ao ser cobrada por Moro para mostrar provas que comprovassem o pagamento da locação, apresentou então, em setembro, um conjunto de recibos assinados por Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e denunciado por ser o suposto laranja dos imóveis. Segundo os investigadores, há datas nos documentos que não existem no calendário, como “31 de novembro”.

O Ministério Público Federal investiga a autenticidade dos papéis e diz que a apuração sobre o caso corrobora a versão apresentada por Costamarques, que disse ter assinado uma série de recibos de anos anteriores quando esteve internado no Hospital Sírio-Libanês, em 2015. Os procuradores dizem que os registros do hospital mostram três visitas, na época, do contador João Leite Muniz, que trabalhava para Roberto Teixeira, advogado de Lula.

Muniz, relatam os procuradores, contou ter levado recibos de alguns meses de 2014 e 2015. Um dos principais argumentos da força-tarefa é o de não existir registro de fluxo financeiro entre contas de Lula e da ex-primeira-dama Marisa Letícia e as do proprietário do apartamento.

Defesa. A defesa de Lula afirma que os recibos provam que houve o pagamento da locação. Diante da prova de que tais documentos foram assinados pelo proprietário do imóvel, os procuradores desistiram de pedir uma perícia, passando a sustentar que eles seriam “ideologicamente falsos”, pois, segundo a versão apresentada, os aluguéis não teriam sido efetivamente pagos. A acusação é inverídica, diz nota dos advogados do ex-presidente.

Ainda segundo a defesa, a quebra de sigilo de Costamarques aponta que ele movimentou quantia em espécie compatível com o recebimento dos aluguéis, que somam R$ 188 mil de 2011 a 2015.

Ocupação

Na cadeia. O ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes encontrou uma ocupação: desde junho, o médico fez 8.000 atendimentos na Cadeia Pública José Frederico Marques, onde está preso, e no Instituto Penal Oscar Stevenson.

Manifestações

Ato em várias cidades. O movimento Vem pra Rua vai promover no próximo dia 23 o ato “Lula na cadeia” nas cidades de Belo Horizonte, Campinas (SP), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Lages (SC), Maceió (AL), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI), Timbó (SC) e Vitória (ES).

Em Porto Alegre. A capital gaúcha, que sedia a Corte Federal, vai ser palco do protesto chamado de “CarnaLula”, organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e marcado para o dia 24, quando Lula será julgado. Segundo Pedro Franco, líder do grupo no Rio Grande do Sul, o ato será “a comemoração de uma decisão que já foi tomada”. Vale lembrar que a cidade também será palco de manifestações em defesa do ex-presidente.