Política em Análise

2020 no horizonte em BH

Novo e PSL costumam bater cabeça de um lado; PT e PSOL nunca caminharam juntos em eleição relevante no primeiro turno

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 23 de julho de 2019 | 06:27
 
 

Nos últimos dias o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) apanhou à direita e à esquerda. Primeiro, ao participar da 22ª Edição da Parada do Orgulho LGBT. Depois, ao determinar a retirada da programação da Virada Cultural a peça Coroação de Nossa Senhora dos Travestis. Os dois episódios mostram como é difícil administrar uma cidade tão diversa. É o ônus de quem ganha as eleições e um recado para as disputas que se avizinham.

No próximo pleito, quando for tentar mais quatro anos de mandato, Kalil vai enfrentar situação distinta da vivida em 2016, quando venceu pela primeira vez. Os adversários continuam fragilizados, mas agora o prefeito precisará se preocupar mais com o risco de ficar espremido entre radicais à esquerda e à direita. Se a posição mais ao centro pode ajudar a vencer no segundo turno, não deve-se desprezar o risco de a polarização ideológica acabar sendo um empecilho na primeira rodada da eleição.

O PSL e o presidente Jair Bolsonaro podem lançar um candidato. Ainda que o apoio a esse grupo tenha desidratado, ele ainda representa parcela expressiva da população. Bolsonaro pode levar um candidato ao segundo turno. Esse risco pode insuflar uma articulação à esquerda, que não pode ser subestimada.

De toda a forma, há pouco mais de um ano do início da corrida. Kalil é hoje amplo favorito. Não apenas por manter uma avaliação ainda acima da média dos governantes atuais, mas também por poder contar com um histórico de pulverização desses dois espectros. Novo e PSL costumam bater cabeça de um lado. PT e PSOL nunca caminharam juntos em eleição relevante no primeiro turno. 

Mais ao centro, o PSDB, que sempre teve força, tem dificuldade de encontrar um candidato competitivo, o que deve ajudar a atrair os partidos que sempre o rodearam para uma aliança com Kalil. E com chance de virar governador dois anos depois, o prefeito ainda tem o trunfo do vice para oferecer em troca de apoio. Não é pouca coisa.

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