Política em Análise

Bolsonaro fraco, Moro forte

Pesquisa CNT/MDA mostra que fritura do ministro da Justiça pode não ser bom negócio para o presidente da República

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 27 de agosto de 2019 | 03:00
 
 

A pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes e divulgada ontem traz tantos recados ao governo que é difícil analisá-los em um só dia, mas vamos lá. A principal mensagem que os números trazem é de um Bolsonaro fraco e um Moro forte. Isso pode ter reflexos diretos no futuro do ministro da Justiça, alvo de fritura do Palácio do Planalto. Em tese, a pesquisa mostra para Bolsonaro que ele não pode, sob pena de ver seu governo implodir, abrir mão de seu ministro mais famoso.

Os dados apontam uma considerável queda de Bolsonaro de fevereiro a agosto. Sua avaliação positiva foi de 38,9% para 29,4%, ao mesmo tempo em que a avaliação negativa saltou de 19% para 39,5%. Na análise do desempenho pessoal do presidente, a desaprovação escalou de 28,2% para 53,7%

O tombo de Bolsonaro só não foi maior pois ele ainda sustenta o apoio daqueles que defendem mais arduamente o ministro Sergio Moro. A força do ex-juiz é demonstrada claramente quando o brasileiro é perguntado sobre as duas áreas com melhor desempenho nos oito meses de governo de Bolsonaro. Nas duas primeiras posições, as atribuições da pasta de Moro: o combate a corrupção, citado por 31,3% das pessoas e a segurança, com 20,8%. Os números estão bem acima de outras como economia, saúde, educação e meio ambiente, por exemplo. Além do mais, 52% dos brasileiros acham que o ministro deveria permanecer no cargo.

A pesquisa também mostra que a mistura de governo e família que o presidente proporciona não é aceitável pelo brasileiro médio. Por isso, a prática de deixar os filhos opinarem sobre as ações do governo foi a quarta mais rejeitada pelos pesquisados, tendo sido lembrada por 1 em cada 4 daqueles que foram entrevistados pelo instituto MDA. Já a ideia de indicar Eduardo Bolsonaro para embaixada é considerada inadequada por 72.7% dos brasileiros e só recebe aplausos de 21,8%.

Os recados estão aí. Resta saber se o presidente está disposto a ouvi-los