Política em Análise

Herança bem maldita

Rombo deixado por Pimentel representa mais da metade de todas as despesas do Estado no ano passado

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 21 de maio de 2019 | 14:50
 
 

Não é segredo para ninguém que o atual governador de Minas recebeu, da gestão anterior, um quadro lastimável no que diz respeito à situação fiscal do Estado. Os próprios salários atrasados do funcionalismo e a grande dívida com os municípios já resumem bem essa situação. Mas olhando mais detidamente os números e comparando com as despesas do Estado podemos ter uma noção mais clara do tamanho do problema.

Recentemente, a atual gestão fez uma revisão do Orçamento 2019, apresentado pela gestão anterior à Assembleia com um rombo de R$ 11,3 bilhões. Após a revisão, percebeu-se, que na verdade, o buraco chegará a mais de R$ 15 bilhões. Isso fica pouco abaixo da totalidade dos gastos feitos no Estado em saúde e educação, somadas, no ano passado.

Fosse apenas isso já seria absurdo, mas o problema é maior. Além do rombo no orçamento, a gestão de Fernando Pimentel também deixou passivos da ordem de R$ 34,5 bilhões. Somando uma coisa com a outra, o problema herdado por Romeu Zema passa dos R$ 49,5 bilhões. Isso representa mais da metade de todas as despesas do Estado no ano passado.

É pior quando percebemos que, dos pouco mais de R$ 90 bilhões despendidos em 2018, quase a metade se deu com encargos especiais, ou seja, transferências constitucionais a municípios e pagamento de dívidas, e Previdência Social.  Assim, o rombo de R$ 49,5 bilhões supera os R$ 45,5 bilhões necessários para cobrir todos os gastos do Estado excetuando essas duas rubricas obrigatórias e imutáveis.

É como se o governo petista tivesse deixado mais de um ano a menos de gastos com saúde, educação, segurança pública, cultura, meio ambiente e tudo mais com que o Estado precisa se preocupar. Claro que isso não dá a Zema um salvo conduto para deixar de cumprir suas promessas de campanha, feitas quando a situação de caos nas finanças já era nítida. No entanto, ajuda a explicar por qual motivo o desespero para buscar um acordo de recuperação fiscal é tão grande na atual gestão.

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