Política em Análise

Kalil já é candidato

Prefeito de Belo Horizonte estará nas urnas em 2022 e resta saber apenas a qual cargo

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 05 de dezembro de 2020 | 06:00
 
 

O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), já é candidato nas eleições gerais de 2022. A dúvida colocada é qual cargo ele vai disputar em dois anos, havendo várias alternativas: o governo do Estado, a Vice-Presidência da República ou até, num sonho mais alto, o Palácio do Planalto. Não há como descartar nada disso após duas entrevistas em rede nacional dadas pelo prefeito reeleito: no “Roda Viva”, da qual participei, e à GloboNews. Dois momentos que ajudaram a nacionalizar o nome de Kalil, o que é importante para ele, qualquer que seja a decisão que tomar para o futuro.

Em questão não está apenas o que Kalil prefere, mas o que o grupo que o apoia pensa para 2022. Depende de muita coisa, mas, ao prefeito, pelo que já ouvi de mais de um interlocutor do chefe do Executivo belo-horizontino, agrada bastante a ideia de ser candidato a vice-presidente da República. Antes da eleição, isso era bem nítido. O bom resultado na eleição e a eficácia da comunicação nas duas entrevistas dessa semana podem até deixá-lo pensar um pouco mais alto, mas esse parece ser o plano A.

Certo, porém, é que para se tornar vice em uma chapa competitiva, o primeiro passo é justamente lançar-se à Presidência. E isso Kalil fez. A falta de modéstia é o primeiro passo para, lá na frente, ceder em uma articulação. É a velha tática de buscar um pouco mais que o objetivo para chegar a um consenso. Também funciona na política.

A vantagem de Kalil é que, com força política inegável no Estado e com a boa projeção que começa a obter, não precisa simplesmente seguir as ordens do partido. Há outros caminhos em legendas com quem tem proximidade, caso os espaços fiquem estreitos para ele onde está.

Se 2022 ainda está longe e a decisão sobre a candidatura pode esperar, já é hora de especular, e, no caso de Kalil, seu nome já é colocado em diversas composições possíveis. Há quem aposte que ele seria um bom vice para Ciro Gomes (PDT), que o defendeu dos ataques de Eduardo Bolsonaro essa semana. Para Ciro, que precisa de influência no Sudeste, seria um grande ponto de partida para virar o jogo em 2022. E isso não dependeria nem mesmo de o PSD tomar uma aliança com o PDT, já que a boa relação de Kalil com a família Campos poderia acabar levando-o a uma possibilidade de ser vice do pedetista pelo PSB, que hoje está esfacelado em Minas.

Nos últimos dias, no entorno do prefeito, também aventou-se o interesse que poderia haver em uma chapa de Kalil com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Ele é frequentemente elogiado por Kalil e, hoje, está no DEM de Rodrigo Maia – que até conversa com Ciro também, mas que tem uma mesa cheia de opções, que inclui de Luciano Huck a João Doria. Isso tornaria o desfecho de uma negociação desse grupo com Kalil, embora possível, mais difícil.

Os ataques mais duros a Romeu Zema do que a Jair Bolsonaro, porém, mostram que Kalil continua, claro, tendo o governo do Estado como objetivo alcançável, não sendo necessário que suas articulações nacionais possam ir adiante. De um jeito ou de outro, ele estará nas urnas.