Política em Análise

Notícias razoáveis

Resultado na economia indicam que podemos estar começando a sair do fundo do poço

Por Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2019 | 03:00
 
 

Após viver alguns de seus piores dias no governo com a crise interna e externa gerada pela má gestão do problema das queimadas na Amazônia, o governo do presidente Jair Bolsonaro vive dias de boas notícias, ou de notícias ao menos razoáveis, todas da esfera econômica. Isso deve ajudar a reformar o discurso da equipe do ministro Paulo Guedes, que terá desafios grandes no Congresso Nacional com a conclusão da votação da reforma da Previdência no Senado, o envio da proposta governamental de reforma tributária e os debates sobre um pacto federativo.

Ontem, os números do IBGE mostraram que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho, pela primeira vez no ano, ficou abaixo de 12%. Foi uma queda tímida, de 0,2 ponto percentual, mas já é a quarta seguida, o que mostra que há, aos poucos, uma retomada do emprego no país. Claro que o índice de 11,8% ainda é alto. São 12,5 milhões de desempregados. Muita coisa. Já chegamos a números muito menores no passado, mas a sequência de quedas mostra que algo de bom está acontecendo no mercado de trabalho.

A notícia só não foi tão boa pelo fato de o mesmo levantamento ter apontado que o emprego que está sendo gerado é de baixa qualidade. O trabalho informal está crescendo no país e alcançou 41,3% do total. Curiosamente, os números vêm mostrando o que os dois lados diziam sobre a reforma trabalhista. De fato, ela gera empregos – não no ritmo esperado, mas gera – e, de fato, ela incentiva a informalidade.

Um dia antes, o governo já havia recebido notícias razoáveis na área econômica, com o anúncio do crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre. O número é fraquíssimo. O Brasil corre grave risco de crescer menos de 1% em 2019. A economia está praticamente no mesmo lugar, mas a expectativa, após a divulgação de prévias, era de um resultado negativo, o que colocaria o país em uma recessão técnica. Seria muito pior. Isso foi afastado com o pequeno crescimento. Já é alguma coisa e, por isso, dá até para comemorar timidamente.

A terceira notícia razoável também é de quinta-feira, quando foi anunciado o déficit de R$ 5,9 bilhões no mês de julho. É belo buraco, mas o menor em cinco anos.

Os resultados da equipe de Paulo Guedes estão longe daqueles prometidos na campanha. Mas também estão menos piores do que os pintados pelos oposicionistas do atual governo. A pequena melhora no cenário econômico vai demorar a ser percebida pelo cidadão comum. E parte dela tende a ser diluída pelas confusões nas quais o presidente se mete. Mas há tímidos sinais de que, ao menos na economia, já começamos a sair do fundo do poço.