Política em Análise

O VAR na Câmara

Ideia de discutir o árbitro de vídeo no Parlamento foi do deputado Evandro Román, um ex-árbitro de futebol que hoje é político pelo PSD do Paraná

Por Ricardo Côrrea
Publicado em 04 de julho de 2019 | 06:50
 
 

A Câmara dos Deputados não sabe se será mesmo possível concluir o debate e a votação, em plenário, da reforma da Previdência antes do recesso marcado para o dia 18 de julho. Tem faltado tempo para um acordo que garanta os votos pela aprovação da proposta. Mas uma discussão bem mais prosaica tem espaço e data para acontecer. Nossos parlamentares, eleitos para discutir os assuntos mais importantes do país, vão fazer uma audiência na próxima semana para discutir o VAR. Isso mesmo! O VAR, que tanto provocou choro da torcida, dos dirigentes e jogadores argentinos na semifinal da Copa América.

A ideia de discutir o árbitro de vídeo no Parlamento foi do deputado Evandro Román, um ex-árbitro de futebol que hoje é político pelo PSD do Paraná. Para que o assunto seja colocado em pauta, ele convidou, em um requerimento já aprovado, o também ex-árbitro Leonardo Gaciba, presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Em meio a uma economia estagnada, debates ferrenhos acerca do combate à corrupção e da atuação do Judiciário, com o desmatamento subindo 60% em relação ao mesmo período do ano passado, crise permanente na educação, avanço das milícias e falta de controle sobre o tráfico de drogas é surreal que um requerimento como esse seja apresentado e, mais que isso, aprovado pelos colegas parlamentares.

Talvez o que muitos eleitores queiram mesmo é chamar o VAR para anular seus votos nas últimas disputas eleitorais, ou revogar medidas tomadas pelos parlamentares que garantem a perpetuação de benefícios a uma classe política por muitas vezes completamente desconectada com a realidade. O árbitro de vídeo seria bastante útil para vermos mais de perto como se dá a articulação de muito político que está mesmo afeito é às negociações paroquiais. Se for para isso, chamem o VAR!

Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa: