Opinião

Reforma com Estados e municípios

A reforma da Previdência é amarga, pois ninguém gostaria de precisar trabalhar mais. Mas já que é necessária, é preciso que o sacrifício seja de todos

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 03 de junho de 2019 | 08:56
 
 

A reforma da Previdência é amarga, pois ninguém gostaria de precisar trabalhar mais. Mas já que é necessária, é preciso que o sacrifício seja de todos. A ideia de retirar da regra Estados e municípios, para diminuir a pressão de sindicatos e movimentos de servidores estaduais é injustificável.

Por essa lógica, nossos parlamentares estão dizendo que há eleitores que importam mais que outros. Que há quem precise se sacrificar mais por não ter a mesma força de articulação. É uma banana para a maior parte da população, que não atua no serviço público nos âmbitos estadual e municipal.

Além disso, é evidentemente um desperdício de energia ter que fazer com que cada governador de Estado precise levar o assunto a cabo nas assembleias estaduais. Imagina o custo de tempo e dinheiro desse processo legislativo, que leva a negociações das mais diversas, gerando debates intermináveis sobre um mesmo tema em cada um dos Estados da federação e em cada um dos mais de 5.000 municípios do país.

Estima-se que o déficit da Previdência em administrações estaduais e municipais chegue a R$ 96 milhões por ano. Em dez anos, o valor se aproxima do R$ 1 trilhão que o ministro da Economia Paulo Guedes pensa em economizar no nível federal. Isso é assustador quando levamos em consideração que a economia federal inclui todo o regime geral, ou seja, toda a massa de trabalhadores no Brasil, enquanto a questão dos Estados e dos municípios se refere apenas a servidores públicos.

É um erro falar em privilégios como costumam dizer. Eles existem, mas não estão nos vencimentos e aposentadorias da maioria dos servidores públicos. Mas o trabalhador da iniciativa privada também não tem esse privilégio e vai se sacrificar do mesmo jeito. Portanto, ou a regra vale para todos ou é melhor parar a discussão por aqui.

Ouça o comentário do editor de política de O Tempo, Ricardo Corrêa: