Entrevista

Rodrigo Pacheco defende auxílio para a população brasileira em 2021

“Não necessariamente o auxílio emergencial, mas uma forma de assistência social, que pode ser um incremento do Bolsa Família, disse o candidato à presidência do Senado

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 22 de janeiro de 2021 | 18:00
 
 
Rodrigo Pacheco Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

Candidato à presidência do Senado Federal, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse que uma de suas primeiras ações caso seja eleito será fazer uma reunião com a equipe econômica do governo federal para buscar uma solução para manter, em 2021, um auxílio financeiro para a população brasileira.

Em entrevista a O TEMPO, o senador afirmou que vai buscar uma solução “matematicamente possível e politicamente possível”.

“Não necessariamente o auxílio emergencial, mas uma forma de assistência social, que pode ser eventualmente um incremento do Bolsa Família, compatibilizando com o teto de gastos públicos. Nós vamos buscar essa solução”, declarou.

Segundo o senador, apesar dele ser favorável ao cumprimento do teto de gastos, o momento atual é “gravíssimo” pois muitas pessoas estão vulneráveis economicamente devido à pandemia e é preciso que o Estado dê conta de ajudá-las.

Rodrigo Pacheco afirma que a pauta do Senado será submetida ao Colégio de Líderes e que o objetivo dele será focar em três áreas: saúde pública, desenvolvimento social e crescimento econômico do Brasil.

“Ou seja, em razão do momento de pandemia, nós temos que cuidar da saúde dos brasileiros, do desenvolvimento social das pessoas vulneráveis, especialmente uma vulnerabilidade que foi incrementada pela pandemia, e, no fundamental, o crescimento econômico com geração daquilo que é o melhor programa social em um país civilizado que é a geração de emprego e trabalho para a população”, afirmou o senador.

Rodrigo Pacheco avalia que houve “erros e acertos” na condução da pandemia por parte do governo federal. Entre os acertos ele cita o auxílio emergencial e a criação do Pronampe, programa de crédito a pequenas e microempresas.

“Isso foram acertos da política. E os erros aconteceram. De não se interpretar exatamente a dimensão da pandemia, de se subestimar em algum momento as consequências dela. E isso não é só do governo federal. Isso foi de todos”, disse.

Questionado se há base para o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o senador disse que um impeachment é algo que abala as estruturas da República e não pode ser um instrumento banalizado.

“Tampouco se pode falar sobre impeachment em razão de atritos havidos ou de problemas, discussões públicas, na mídia.  Na verdade nós temos que aguardar. Se houver um pedido de impeachment, ele terá que ser analisado fielmente, de acordo com os fatos, com a prova, com a pertinência legal e constitucional”, afirmou.

A candidatura de Rodrigo Pacheco conta com o apoio de nove partidos, do Republicanos do senador Flávio Bolsonaro até o PT — completam a lista DEM, PP, PL, PDT, PSD, PROS, PSC. Em tese, o senador mineiro tem 44 votos, três a mais do que os 41 necessários para vencer. Porém, como a votação é secreta, pode haver surpresas.

Além disso, o senador tem a simpatia pública do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Perguntado se é o candidato do presidente, Pacheco respondeu que é o candidato dos partidos que o apoiam na disputa e pregou independência ao afirmar que “o Senado jamais será subjugado a qualquer outro Poder”.

Ele se reuniu com Bolsonaro na véspera do Natal. “Foi uma conversa geral, não houve nenhum tema específico, tampouco qualquer tipo de pedido do presidente sobre qualquer tema no Senado Federal”, disse o candidato à presidência do Senado..

No início do mês, o Conselho de Ética do Senado recebeu uma representação pedindo a cassação do mandato do senador Flávio Bolsonaro por, em tese, ele ter cometido crimes de improbidade administrativa.

Nos últimos tempos, tornou-se pública a intenção de Rodrigo Pacheco de se candidatar ao governo de Minas em 2022. Porém, de acordo com o senador, uma vitória no Senado não permite que ele tenha um projeto político em Minas Gerais em 2022. 

Questionado se o apoio do PSD no Senado significa que ele apoiará o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), em uma eventual candidatura ao governo de Minas, o senador afirmou que não é o momento de se discutir 2022.

“Devo dedicar-me exclusivamente a essa tarefa de presidir o Senado e o Congresso Nacional, não me permitindo um projeto político no estado de Minas Gerais em 2022. Foi isso que eu disse e, obviamente, não me permito nesse momento discutir eleição de 2022 pretendendo ser presidente do Senado Federal em uma eleição que é daqui a 10 dias” concluiu.

Pacheco pode ser o primeiro presidente do Senado desde 1977

Caso saia vitorioso, Rodrigo Pacheco será o primeiro mineiro a presidir o Senado desde Magalhães Pinto em 1977. Ele afirma que vai agir com zelo para não misturar a condução da presidência e pautas importantes para o Brasil com as pautas de Minas Gerais.

Porém, o senador reconhece que pleitos como a linha 2 do metrô, a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal, as obras da BR-381 e a cota mínima para as represas de Furnas e de Peixoto, serão fortalecidos.

“São lutas antigas que a bancada mineira tem e continuará tendo. Com uma posição de protagonismo de Minas à frente da presidência do Congresso Nacional, evidentemente que nós vamos fortalecer essas nossas teses necessárias, essas nossas causas justas em favor de Minas Gerais”, disse, ressaltando que as pautas também fazem parte da luta dos senadores Carlos Viana (PSD-MG) e Antonio Anastasia (PSD-MG) e dos 53 deputados federais da bancada mineira.