Lava Jato

Rui Falcão alivia para Cunha

Presidente do PT diz que arquirrival de Dilma Rousseff tem direito à presunção de inocência

Por Fransciny Alves
Publicado em 21 de outubro de 2016 | 03:00
 
 
Para Rui Falcão, decisão do STF é 'caminho aberto' para atingir o PT Lula Marques / Agência PT / divulgação- 26.1.2016

Um dia depois de o principal algoz do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ser preso na operação Lava Jato, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem direito à presunção de inocência. A declaração foi dada em Belo Horizonte, durante o seminário “O golpe e a desconstrução do Estado democrático de direito”, realizado pelo PT na Assembleia de Minas.

Em meio a boatos de que o ex-presidente Lula será o próximo a ser preso na Lava Jato, Falcão criticou o “excesso de prisões” em operações policiais em curso no país, principalmente as de caráter cautelar que, segundo ele, têm como objetivo obter delações premiadas.

Durante entrevista coletiva, Falcão disse que o “exagero de prisões” no Brasil consolida a ideia de “que estamos ingressando num Estado de exceção”. “As pessoas devem ter direito à presunção de inocência, ao devido processo legal. E o excesso de prisões, sobretudo as cautelares, com o objetivo de obter delações, não preocupa o PT. Deve preocupar todo o povo brasileiro. Hoje, é o Eduardo Cunha, amanhã pode ser qualquer um de nós”, afirmou.

Questionado se Lula estaria entre esses “qualquer um de nós”, Falcão garantiu que não há razão para que o petista seja preso, mas ressaltou que os processos são “injustos, manipulados e baseados em delações sem fundamento”. “Eu espero que a Justiça e o Ministério Público – como instituição, e não setores dele – respeitem a Constituição e os direitos fundamentais do cidadão”, disse.

O dirigente se esquivou de responder sobre os efeitos de uma possível delação de Cunha sobre o governo de Michel Temer (PMDB): “Eu vim aqui para discutir as violações ao Estado de direito e o golpe que prejudicou o país, não só do ponto de vista da democracia, mas do cancelamento de direitos, como essa PEC 241, a PEC do desmonte”.

“Mais do que delações, estamos preocupados com o Brasil, que atravessa o terceiro trimestre – já estamos entrando no quarto – com recessão profunda, desemprego crescendo, e o presidente viajando e formando a maioria na base do toma lá dá cá”, completou.

Poder. Cunha conseguiu alocar sua ex-auxiliar na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Flávia de Sousa Marquez Morais foi nomeada assessora na segunda-feira, com salário de R$ 13.375,21.


PMDB

Cunha é excluído de grupo de WhatsApp

Brasília. Logo após a notícia de sua prisão, nessa quarta-feira (19), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi excluído do grupo de WhatsApp formado pela bancada do PMDB na Câmara. Apesar de ter tido o mandato cassado há mais de um mês, o peemedebista ainda era integrante do grupo no aplicativo.

Segundo relatos de parlamentares do PMDB, o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), administrador do grupo, excluiu Cunha às 13h35, cerca de meia hora depois da prisão e após saber que a PF havia apreendido o celular do ex-deputado. Com a exclusão, os investigadores não terão mais acesso a novas conversas da bancada, embora possam ver debates anteriores.

Correligionários do ex-deputado também evitaram comentar a prisão no grupo da bancada no WhatsApp. De acordo com relatos de parlamentares peemedebistas, o assunto foi pouco falado nas conversas do aplicativo. Os deputados do partido optaram por comentar o tema em mensagens reservadas ou em ligações telefônicas.