Críticas

Valor médio defendido para auxílio-moradia seria de R$ 963,62

Montante representa só 22% do que é pago mensalmente como auxílio-moradia no Judiciário

Por Fransciny Alves
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 

O debate sobre o pagamento de auxílio-moradia a autoridades ganhou força, nos últimos dias, após as revelações de que diversos juízes, promotores e políticos em todo o país recebem o benefício apesar de possuírem residência própria nos locais em que trabalham. Mas mesmo para aqueles que são mandados para trabalhar fora de seus municípios de origem, o valor hoje pago é considerado alto pela maioria dos entrevistados da pesquisa Minas no Brasil de 2018. O dispêndio médio apontado como justo pelos entrevistados para o benefício deveria ser de R$ 963,62, montante que representa apenas 22% da quantia praticada atualmente, de até R$ 4.377,73 – teto fixado para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A amostragem aponta que 37,3% do eleitorado mineiro acredita que as autoridades não deveriam receber nada, sendo que essa resposta foi mais comum entre as entrevistadas do sexo feminino (41,5%). Entre os homens, o índice atingiu a marca de 32,8%. Somente 3,5% das pessoas disseram que o valor aceitável de auxílio-moradia para a autoridade que mora fora de onde tem imóvel próprio deveria ser maior que R$ 4.000.

A pesquisa também aponta que 27,5% dos entrevistados declararam que o valor do auxílio-moradia para esses casos deveria ser de até R$ 1.000, enquanto que R$ 22,3% responderam que a quantia deveria ficar entre R$ 1.000 e R$ 2.000. Outros 9,3% falaram que a verba poderia variar entre R$ 2.000 e R$ 3.000.

O ponto em comum entre as pessoas ouvidas pela reportagem de O TEMPO sobre a verba foi que o salário recebido pelas autoridades, que chega a mais de R$ 30 mil, seria suficiente para eles bancarem gastos com moradia, como aluguel, por exemplo. “Os salários deles já são altos. Se for para outra cidade, pode arcar com os custos. Não justifica terem auxílio-moradia, auxílio-paletó, gasolina. Eu trabalhei minha vida toda recebendo o meu salário e ainda cheio de descontos. Por que eles têm que ser diferentes?”, avalia o aposentado Antônio de Mello, 58.

O pedreiro Airton Gomes, 49, classifica o benefício como absurdo. “Muitos estão precisando de cesta-básica, crianças em bairros pobres precisando de leite e de alimentação, e eles não conseguem. Enquanto isso, (as autoridades) estão ganhando um dinheirão todo e curtindo com o dinheiro que é do povo. Se vão trabalhar em outra cidade, não precisam que a gente pague para eles, porque eles têm um salário alto”, diz.

Receio

Dificuldade. A reportagem não encontrou uma pessoa que fosse a favor do auxílio-moradia para autoridades e que aceitasse conceder entrevista para defender benefício abertamente.

 

Verba para paletó tem apoio de 5,9%

A pesquisa Minas no Brasil de 2018 ainda questionou os entrevistados sobre o auxílio-paletó. O benefício, presente em algumas Casas Legislativas, é equivalente a um mês de salário dos parlamentares, e a verba é depositada para os políticos no início de seus mandatos para que eles comprem as vestimentas que vão usar no trabalho ao longo dos anos.

Segundo a amostragem, 94,1% do eleitorado mineiro desaprova o pagamento dessa vantagem, principalmente as pessoas que têm idade acima de 35 anos. O restante (5,9%) é favorável. O pedreiro Airton Gomes, 49, rechaça esse pagamento. “Estou doido para comprar uma roupas para mim e não estou conseguindo. Estou com uma camisa velha e batida, calça que nem existe mais, enquanto eles querem curtir com o dinheiro do povo?”, indaga.