Possibilidade de impeachment

Vice-líder do governo Bolsonaro diz haver golpe contra presidente

Na visão do deputado Otoni de Paula, Rodrigo Maia vai ocupar presidência, caso haja eleições indiretas

Sex, 24/04/20 - 18h34
Deputado Otoni de Paula diz, ainda, que Sergio Moro "sem dúvidas" vai se candidatar à presidência, em 2022 | Foto: Alexandre Mota / O Tempo

O deputado federal Otoni de Paula (PSC), vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, diz haver um “projeto de grande golpe” em movimento contra o presidente e que a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça foi “a peça que faltava” para que o suposto golpe fosse colocado em curso. As declarações foram dadas em entrevista à rádio Super 91,7 FM na tarde desta sexta-feira (24). 

Na perspectiva do deputado, há dois cenários adiante do presidente, um deles incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), no cargo presidencial: “A abertura de processo de impeachment será feita, é inevitável. Resta saber se o (vice-presidente) Mourão está no grande acórdão. Se estiver, o processo de impeachment vai ser aberto imediatamente e, correndo em 120 dias, o Mourão assume ainda neste ano. Se o Mourão não estiver, jogam o processo para o fim do ano, e a Constituição diz que, aí, a eleição é indireta e são os deputados federais dizem ao povo brasileiro quem vai ser o presidente da república. (Nesse caso), aposto o que quiser que o próximo presidente da república é o Rodrigo Maia”.  

A Constituição determina que, se o presidente sofrer impeachment antes da metade do mandato, quem assume é o vice, mas as eleições passam a ser indiretas, caso o impedimento dos dois, vice e presidente, aconteça após a metade do mandato. 

De Paula também afirma perceber intenção eleitoral na postura de Moro, que, segundo o deputado, “sem dúvidas” vai se candidatar à presidência em 2022. “Estranhamente, Moro saiu do governo elogiando o PT, fiquei chocado. (Em 2022), ele vai se apresentar como alguém equilibrado, que sabe conversar com os dois lados e não é extremista como Jair Bolsonaro”, resume o político. 

No discurso de saída do ministério, Moro pontuou que o “governo do PT teve vários defeitos, mas deu autonomia à Polícia Federal”. Por outro lado, na perspectiva de Moro, a intenção de Bolsonaro ao trocar o comando da Polícia Federal seria obter informações sigilosas das investigações sobre a família do presidente.  

Ainda assim, de Paula diz esperar uma reaproximação futura entre Bolsonaro e Moro, que, sob o olhar dele, “possuem mais coisas em comum do que coisas divergentes”. 

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