Saúde

Sem profissionais, prefeituras antecipam chegada de médicos 

Prefeito diz que falta gente; participantes começam o trabalho no próximo dia 16

Sáb, 31/08/13 - 03h00
Visita ao posto. Estrangeiros que irão trabalhar em Minas visitaram ontem dois postos de saúde de Belo Horizonte para conhecer estrutura | Foto: Crédito: Dra. Marcela Rocha Rei

Sem médicos suficientes para dar conta da demanda da população, prefeituras mineiras tentam atrair os profissionais antes mesmo do início do Mais Médicos. A chegada dos brasileiros que se inscreveram na primeira etapa do programa está marcada para terça-feira, com o início do trabalho previsto para o dia 16. No entanto, em Buritis, no Noroeste do Estado, por exemplo, a médica designada pelo Ministério da Saúde já se mudou para a cidade e está atuando em um posto de saúde da família.

 

“Ela está conosco há duas semanas. Tínhamos uma vaga em aberto no posto de saúde da família e estávamos precisando de um profissional. Ela veio conhecer a cidade e acabou ficando”, conta o prefeito João José Alves (PSDB). Segundo o político, a demanda por médicos na cidade é grande. “Tanto que pedimos cinco médicos para o governo federal”, explica.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Buritis, foi feito um acordo temporário entre a prefeitura e a médica, que vai passar a ser remunerada pelo governo federal somente a partir de terça-feira. Até lá, o salário dela sai dos cofres municipais.

O médico Thomaz Chelini Pereira, 65, também já esteve em Cipotânea, na Zona da Mata, cidade onde vai atender em um posto de saúde da família pelo Mais Médicos. Especialista em clínica geral e oncologia, o médico explica ter ido anteontem ao município conhecer as condições de trabalho e de moradia. “Já tinha passado pela cidade. O posto de saúde de lá está até bem arrumadinho. Conheço cidades com pior infraestrutura”, ressalta.

Formado há 43 anos, Pereira já é aposentado, mas diz ainda ter planos na área. “Sempre fiz plantão na região, e o maior problema são os pagamentos que nunca saem. Algumas prefeituras demoram três meses para te pagar. Com o programa, o pagamento será feito pelo governo federal. Acho que o salário vai ser mais certo”, argumenta. “Não sei se vou conseguir ajudar. Atuar em cidade pequena é um risco. Mas meu plano B é voltar para a casa. É simples”, completa o médico.

Mais de 20% da população de Cipotânea se enquadra na linha de extrema pobreza. Conforme a secretária municipal de Saúde, Luciene Dias, o médico está sendo esperado na cidade já na segunda-feira. “Precisamos de médicos. Vamos apresentar a ele o cronograma de trabalho e como será a rotina, que precisa incluir tempo diário de estudo”, explica.

Expulsão. Após prefeituras no país admitirem a intenção de demitir médicos para dar lugar a outros selecionados pelo Mais Médicos, prefeitos mineiros garantiram ontem que nenhum profissional no Estado será trocado. A reportagem procurou 20 cidades de Minas que vão participar do programa. Ninguém assumiu a intenção de substituir médicos.

“Esse médico que vai chegar é para ajudar a diminuir a carência do município. Não podemos e não queremos demitir ninguém”, garantiu o prefeito de Ibiracatu, no Norte de Minas, Joel Ferreira Lima (PT). “O objetivo do governo federal não é trazer uma economia para os municípios. É picaretagem fazer isso”, criticou o prefeito de Itaguara, na região Central, o petista Alisson Diego.

Ontem, a assessoria do Ministério da Saúde informou que vai excluir do programa as cidades que trocarem de profissional.

Pelo país

Programação. Resposta. 0Os médicos em treinamento em Belo Horizonte terão o dia livre amanhã, sem aulas. Parte dos profissionais organiza uma visita aos principais pontos turísticos de Belo Horizonte, como a lagoa da Pampulha e praça da Liberdade. Outros vão para o interior visitar conhecidos.

Resposta. O governo federal entregou ontem a documentação sobre o Mais Médicos ao Ministério Público do Trabalho. O órgão abriu inquérito civil para apurar as condições ofertadas aos médicos durante o programa. O governo garante que o projeto assegura direitos trabalhistas aos médicos.

Polêmica. Em uma crítica indireta ao PT, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o maior problema da saúde não é a pouca oferta de médicos, mas a falta de financiamento da área pelo governo federal. “Mais médico é sempre bom, né? Precisamos é de bons médicos. O grande problema da saúde é financiamento, porque a tabela do SUS não é corrigida há quase uma década”, alfinetou o tucano.


Governo começa a pedir registros provisórios
O Ministério da Saúde começou a apresentar ontem aos conselhos regionais de medicina do país os pedidos de registros profissionais provisórios dos estrangeiros que vão atuar no programa Mais Médicos.

Representantes do Ministério da Saúde e da Advocacia-Geral da União (AGU) estiveram na sede do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul onde protocolaram oito pedidos de profissionais que trabalharão no Estado. A ação será realizada em todos os Estados e começou a ser tomada depois que o governo venceu ação apresentada pelo conselho de Minas, pedindo que os registros não fossem feitos. As entidades têm 15 dias para responder aos pedidos.

Em Belo Horizonte, ainda não há uma definição sobre quando será apresentado o primeiro pedido. O CRM-MG não informou o que fará quando a solicitação do registro ocorrer.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.