Habitação

Sem-teto mira Dilma e faz novas invasões em terrenos privados

Integrantes do MTST invadiram neste sábado (16) dois grandes terrenos privados na Grande São Paulo. As ocupações foram as primeiras de uma "jornada" para pressionar o governo a lançar a 3ª etapa do Minha Casa Minha Vida

Sáb, 16/05/15 - 14h15

SÃO PAULO, SP - Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) invadiram na madrugada deste sábado (16) dois grandes terrenos privados na Grande São Paulo.

As ocupações foram as primeiras de uma "jornada" de ações programadas pelo MTST para pressionar o governo federal a lançar a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida (MCMV).

O MTST diz que as áreas estavam abandonadas e que são Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social) no Jardim Batista, em Embu das Artes, e no Jardim dos Reis, em Itapecerica da Serra.
Segundo o MTST, cerca de 1.300 pessoas participaram da ação. A Polícia Militar não confirmou o número.

Em Itapecerica, a ação durou cerca de duas horas entre a chegada dos sem-teto e a consolidação da ocupação, com a montagem de barracas de bambu e plástico fornecidos pelo movimento.

Às 2h da manhã, de cima de um carro abandonado, o líder do MTST Guilherme Boulous anunciou o propósito de novas invasões para pressionar pelo MCMV 3. Essa nova etapa está atrasada e prevê 3 milhões de novas moradias até 2018.

Com as ações de ontem, o MTST tem hoje cerca de 6.000 pessoas em áreas invadidas na Grande São Paulo. Em seis anos do programa MCMV, o movimento conseguiu entregar apenas 500 moradias a seus participantes.

Em Embu das Artes, o proprietário do terreno ocupado chegou por volta das 8h30, acompanhado da mulher, de duas filhas e de um genro.

Professor de matemática da rede estadual ""atualmente em greve"", Daniel de Morais Vieira, 52, lamentou a ação e afirmou que cuida do sítio "como um filho" e que preserva as nascentes da represa de Guarapiranga.

Em conversa com coordenadores do movimento, ele disse que era "tão vítima quanto" os militantes, porque tenta há anos vender o terreno, mas a legislação ambiental não permite.

Segundo Vieira, a família paga R$ 50 mil em IPTU. Ele disse que tentou vender a propriedade para a Prefeitura de São Paulo construir habitação social, como prevê o Plano Diretor Municipal, mas disse ter sido impedido pela legislação ambiental.

Levantamento do vereador Gilberto Natalini (PV) contabiliza hoje na Grande São Paulo 26 áreas de interesse ambiental ocupadas por movimentos de sem-teto.

Segundo o Secovi-SP, que reúne o setor imobiliário, o déficit na Grande São Paulo chega a 672 mil habitações. Há demanda adicional de 39 mil novas casas por ano entre famílias que ganham entre 0 e 2 salários mínimos (faixa 1, a maior do MCMV). Em seis anos, o programa entregou só 50 mil casas na região.

Quase todos os invasores abordados pela Folha em Itapecerica da Serra mora de favor ou gasta mais da metade de toda a renda disponível da família com aluguel.

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