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Quem é Nádima Skeff? Conheça a nova treinadora do time feminino do América

Estudiosa e metódica, a ex-jogadora trocou os gramados pela área técnica há dois anos e terá sua primeira experiência a frente de um time profissional

Por Duda Gonçalves
Publicado em 13 de maio de 2021 | 10:30
 
 
Treinadora, que estava no Minas Brasília como auxiliar técnica, possui currículo acadêmico com experiências internacionais Mourão Panda / América

Em 22 de março, o América anunciou uma nova treinadora para o time feminino. Natural de Brasília, Nádima Skeff, 31, desembarcou em Belo Horizonte para sua primeira experiência à frente de uma equipe profissional. O Super.FC traça um perfil da treinadora, que revelou em entrevista exclusiva, suas motivações e ideias para a temporada de 2021.

Nádima não teve formação em categorias de base dos clubes e o aprendizado veio nas escolinhas de futebol onde jogava junto aos garotos, até completar quinze anos. Disputar competições profissionais, como um Campeonato Brasileiro Feminino Sub-18, ficou no campo do sonho, visto que em 2010 a realidade do futebol feminino no Brasil era delicada.

Ainda que se profissionalizar como jogadora fosse inviável, a atacante insistiu. “Vivi isso a minha vida toda, desde que me entendo por gente. Fui jogadora de futebol, cheguei em nível profissional, de Seleção, fui para a universidade dos Estados Unidos e joguei profissional na Europa”, relembrou Nádima, que atuou pelo principal campeonato nacional de futebol feminino universitário dos Estados Unidos, entre 2010 e 2013, e vestiu a camisa da Seleção Brasileira Sub-20, entre 2008 e 2010.

O último clube brasileiro que passou foi o Minas/Icesp Brasília, em 2019, ano em que pendurou as chuteiras. Foram quatorze anos nos gramados até fazer a transição de atleta para dirigente e a atacante conta que a decisão foi difícil. “Não me lesionei, não tive nada sério, os pais não proibíram”, diz. O sonho falou mais alto, e o DNA também. Estudiosa, Nádima sonhava em se especializar em futebol, e foi o que fez ao trocar os gramados pela universidade para fazer mestrado.

"Gastei muito do meu tempo me capacitando, tanto aqui no Brasil, fazendo cursos da CBF, quanto na Inglaterra, fazendo cursos da federação, nos Estados Unidos em cursos de treinadores, e na capacitação acadêmica”, contou. E foi justamente entre um aprendizado e outro que o América despertou seu interesse.

“Não conhecia os clubes de Minas Gerais, mas me chamava atenção pelos profissionais envolvidos. Todos os cursos que fazia, qualquer projeto, live, sempre tinham muitos profissionais do América participando dessas reuniões ou dando cursos. Eram pessoas muito capacitadas, buscando aprendizado e eu queria muito estar integrada em um lugar que pudesse crescer”, declarou a treinadora. Acaso ou não, os caminhos a trouxeram de volta ao Brasil.

“Quando voltei, não me importava onde me encaixaria, desde que estivesse envolvida com o futebol feminino estaria feliz, porque sabia que tinha muito para contribuir. Queria ajudar com o que queria ter tido quando era atleta, tanto da parte física, psicológica e cognitiva”, explicou.

Inspirações de liderança

O retorno para o Brasil foi direto à cidade natal, para ser auxiliar na comissão técnica do Minas Brasília, onde esteve por um ano, durante a disputa da Série A-1 do Campeonato Brasileiro. Nádima pontuou que nunca teve ambição de ser treinadora. “Minha ambição era de um ambiente de crescimento, independente do cargo. Ouvi muita gente falando ‘você tem perfil de treinadora’, como se fosse um problema [ser auxiliar]”, diz.

A treinadora faz questão de citar dois exemplos de gestão compartilhada: Pia Sundhage e Tite, treinadores das Seleções Brasileiras, que possuem em seus auxiliares a confiança para gerir as equipes e seus jogadores. Sem ir tão longe, Lisca possui o mesmo modelo de coordenação no América, com o auxílio de Márcio Hahn, Cauã de Almeida, Jorge de Lorenzi e Maickel Padilha.

Sua auxiliar técnica, Talita de Oliveira será a treinadora do time sub-18, anunciado pelo América há um mês. A equipe está em formação e o time não foi apresentado oficialmente pelo clube, mas ao menos nove jogadoras treinam junto ao time profissional, para implementação de um padrão de jogo nas equipes femininas.

Futebol feminino internacional

As experiências internacionais fizeram Nádima ter outro olhar sobre o futebol feminino brasileiro. Ainda em evolução, a técnica acredita que há pontos positivos frente a outros países, como os Estados Unidos. “Onde eu estava nos Estados Unidos não tinha um time profissional para jogar na minha cidade, todo mundo fala que é o lugar do futebol feminino, mas não é. É um país muito grande com uma divisão e poucos times, e estamos na Série A-2 com 36 times. Eles não tem uma segunda divisão profissional ou semi profissional, é muito fraco nesse aspecto”, acrescentou.

Apaixonada por futebol, e mais ainda pelo futebol jogado por mulheres, Nádima diz que sua missão é colaborar ao máximo para a evolução da modalidade e dos profissionais envolvidos. Seu foco agora será levar o time feminino do América à elite do futebol feminino, o que nunca ocorreu.

A treinadora avaliou os primeiros dias de treinamentos no Sesc Venda Nova como positivos. “Tem sido maravilhoso, as atletas têm comprado a ideia, um trabalho muito legal de ajuste, conversa e brincadeira, quando necessário. Compreendo as limitações, mas em nenhum momento usamos isso como muleta e as expectativas são muito altas”, concluiu Nádima.

As spartanas estreiam no Campeonato Brasileiro Feminino A-2 no domingo (16), às 15h, contra o Vasco, pelo Grupo F, no Estádio Nivaldo Pereira, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.