Entre aplausos e o apoio ao companheiro

O lateral Guga chega à linha de fundo, faz o cruzamento, mas a bola passa bem longe da área. Aplausos para ele. O lateral Patric chega à linha de fundo, cruza, mas a bola passa bem longe da área. Vaias para ele. A preferência – e a paciência – dos torcedores do Atlético pelo primeiro é nítida, mas o técnico Levir Culpi mantém a predileção pelo segundo, o que deve se repetir na partida desta quarta-feira, em Montevidéu, contra o Defensor-URU, jogo de ida da terceira fase prévia da Copa Libertadores.

A situação tem deixado Guga, titular dos jogos em que o treinador escala uma equipe alternativa, num certo embaraço, algo até importante para ele, mas desconfortável para um colega de clube, que joga na mesma posição e que troca conselhos.

“No jogo (contra o Tupi, no último sábado) acabei errando algumas bolas, e a torcida, por esse carinho todo comigo, acaba me dando mais tranquilidade, não pega tanto no pé. Isso não vai me acomodar”, avaliou Guga, que teve o nome gritado quatro vezes apenas no segundo tempo. Autor do passe para o gol de Vinícius, ele foi exaltado pelas arquibancadas antes mesmo daquele que estufou as redes.

Aos 20 anos, o lateral foi contratado para suprir a vaga deixada por Emerson, vendido ao Barcelona. Sincero, Guga diz não compreender o motivo das críticas a Patric. “Às vezes eu não consigo entender toda essa crítica que fazem a ele. Ele não tem comprometido a equipe, tem jogado bem. No dia a dia, a gente dá apoio um ao outro”, ressaltou o jogador.

Briga por posição é algo normal no futebol. Mas há todo um contexto que explica a preferência por um e outro. Patric, que tem 29 anos, chegou ao Atlético no fim de 2010. Seu contrato vai até o fim de 2020, quando poderá completar dez anos de clube. Emprestado a cinco diferentes equipes nesse período, já foi sombra de Marcos Rocha e escalado até fora da posição. O desgaste, de certa forma natural, deu-se por causa das qualidades técnicas de Patric, embora o jogador seja sempre muito elogiado pelo esforço e o preparo físico.

Quando o lateral Patric chegou ao Galo, Guga, de 20 anos, era só um garoto de 11, que sonhava em ser um jogador profissional no Rio de Janeiro. Revelado pelo Avaí, o carioca chamou atenção e foi contratado pelo Atlético neste ano. Em cinco jogos pela equipe alternativa, já soma duas assistências. Patric também tem cinco partidas no ano no time principal.

Comparação

Guga

São cinco jogos pelo Galo, três como titular da equipe reserva e dois entrando no segundo tempo no lugar de Patric. Soma duas assistências no Mineiro.

Patric

Fez cinco partidas em 2019. É o titular da lateral direita no time principal. Ainda não tem assistência. Foi amarelado duas vezes em dois jogos na Libertadores e já está pendurado.

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