Pandemia

Galo: caos da Covid-19 no Brasil pode afetar Atlético na Libertadores

Situação descontrolada no país pode alterar os locais de jogos do time alvinegro, por exemplo

Gabriel Pazini| @Gabriel_Pazini
15/04/21 - 06h00

Um risco não somente para os brasileiros, mas para todo o mundo. Mesmo com a existência de vacinas e pouco mais de um ano após o início da pandemia, o cenário de caos e tragédia, com uma situação descontrolada e diversos lugares no Brasil com o sistema de saúde em colapso, provocam tristeza, dor, sofrimento e um enorme temor não só no país, hoje epicentro da Covid-19 no planeta, mas também em outros lugares. E toda a situação afeta o esporte e pode ter consequências também para o Atlético.

Participante da Copa Libertadores, estando no grupo H ao lado de Deportivo La Guaira-VEN, América de Cali-COL e Cerro Porteño-PAR, o Galo corre o risco de não conseguir entrar em países para disputar partidas e também precisar mandar jogos pela competição no Paraguai por causa da situação desesperadora da pandemia no Brasil.

As consequências da demora na busca por imunizantes e dos vários erros do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), além das mortes e dos infectados, são a falta de vacinas, lentidão na aplicação de doses disponíveis e atrasos em entregas previstas. Além de sucessivos recordes em números de mortes e infectados e um caos no país com mais de 362 mil vítimas, o Brasil também se tornou uma ameaça para o mundo.

Não à toa, na última terça-feira (13), a França anunciou a suspensão por tempo indeterminado de todos os voos vindos do Brasil. O anúncio foi feito por Jean Castex, primeiro-ministro francês, que ainda zombou o Brasil e o presidente Bolsonaro pelo uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19 e outros erros no combate à pandemia. No mês anterior, o ministro da Saúde do país europeu, Olivier Veran, afirmou que cerca de 6% dos casos de Covid-19 na França eram das variantes brasileira e sul-africana do coronavírus, mais contagiosas. 

Além da França, outros 15 países também não aceitam voos que saiam do Brasil ou passem pelo país. A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, ainda aconselhou “fortemente” que seus Estados-membros limitem às viagens não essenciais provenientes do Brasil. No mundo, são 59 países com restrições específicas à entrada de brasileiros ou pessoas que estiveram aqui nos últimos 15 dias.

Na América Latina, os países vizinhos estão alternando fechamento de fronteiras com limitações de entradas. Todos temem as variantes brasileiras do novo coronavírus, especialmente a variante P1, mais contagiosa e provavelmente mais letal, já associada a 30% dos novos casos no Uruguai e a 40% dos diagnósticos em Lima, capital do Peru, onde vive mais de 1/3 da população peruana. Na Argentina, por exemplo, caminhoneiros brasileiros precisam apresentar teste negativo de Covid-19 para poder entrar no país.

E tudo isso pode afetar o Atlético na Libertadores. A Conmebol já garantiu não paralisar suas competições nesta temporada e indicou aos participantes tupiniquins de seus torneios que, caso estejam impedidos de disputar partidas fora do Brasil, deverão jogar em outro país, e sugeriu o Paraguai, onde fica sua sede, para isso. A Colômbia, país do América de Cali, um dos rivais do Galo na fase de grupos, nesta semana impediu que a seleção brasileira feminina de basquete entrasse no país por causa da situação descontrolada da Covid-19 por aqui, com mais de 13,6 milhões de casos e 362.180 mortes, sendo 3.462 apenas nesta quarta-feira (14), segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. O cenário causou o veto da equipe tupiniquim no Sul-Americano. Em fevereiro, a seleção masculina foi impedida de disputar as duas últimas rodadas das Eliminatórias da AmeriCup no país, pela mesma razão.

Na Colômbia, os casos diários foram de 3.700 para 14,4 mil no último mês. Os números são da Universidade de Johns Hopkins, dos Estados Unidos. O presidente Iván Duque anunciou quarentenas de fim de semana em Bogotá, Medellín, Barranquilla e Santa Marta. Na capital, a partir da meia-noite desta quinta-feira (15), somente setores essenciais irão funcionar e apenas uma pessoa por família poderá sair de casa para comprar comida, remédios ou produtos básicos.

As situações no Paraguai e na Venezuela são menos dramáticas, mas também complicadas, como apontam dados da Johns Hopkins. No Paraguai, os casos cresceram, mas em ritmo menos acelerado: de média de 1.700 novos casos por dia no último mês para 2.200. As mortes diárias foram de 23 para 65. A situação é parecida na Venezuela: a média de 7 mortes diárias passou para 17 no último mês. O número de novos casos, por outro lado, vem caindo nos últimos dias. Após um pico de 1.526 casos em 6 de abril, agora tem 1.1 mil casos por dia. O país governado por Nicolás Maduro, porém, está entre os vizinhos com mais restrições para a entrada de brasileiros.

Ainda que a entidade que rege o futebol no continente já tenha anunciado o calendário da Libertadores e da Sul–Americana, com datas e horários já definidos, ainda paira uma incerteza sobre a realização dos confrontos em determinadas praças. No caso do Galo, tomando como referência o veto colombiano à entrada de brasileiros, o alvinegro tem duelo marcado contra o América, em Cali, para o dia 13 de maio. Com a possibilidade de o Atlético ser impedido de entrar na Colômbia pelo risco de contaminação e das variantes brasileiras, como ocorreu com as seleções de basquete, a partida entre os adversários que seria disputada em Belo Horizonte, em 27 de abril, também convive com incertezas pelos mesmos riscos, uma vez que o América não poderia vir ao Brasil se expor e voltar ao país. Em um cenário complexo além do esporte, o caos da pandemia por aqui pode afetar o Galo na competição continental.

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