Decisão

Integrantes da Galoucura que espancaram cruzeirense vão a júri popular

Crime aconteceu em março de 2018 e o torcedor da Máfia Azul foi agredido mesmo após ter desmaiado

A vítima foi espancada por um grupo de torcedores da Galoucura | Foto: Reprodução/Youtube
Lara Alves| Siga-nos no Twitter @otempo
26/06/19 - 16h40

Quatro dos cinco membros da Galoucura envolvidos em agressão contra um integrante da Máfia Azul, em março de 2018, serão levados a júri popular. A sentença de Marcelo Fioravante, juiz do 1° Tribunal do Júri, foi publicada ainda nesta quarta-feira (26), mas cabe recurso. 

O grupo responsável pelo espancamento será enquadrado por tentativa de homicídio por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Dois dos quatro ainda serão pronunciados pela prática de associação criminosa. O processo do quinto envolvido foi desmembrado. Além disso, o Fioravante manteve o decreto de prisão. Dois dos suspeitos estão foragidos. 

À ocasião, a vítima foi socorrida às pressas e levada para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, onde permaneceu internado em estado grave. Uma câmera de segurança no local onde as agressões ocorreram filmou toda a ação. 

'Se quisesse desferir um golpe, ele nem estaria aqui mais' 

Réus e vítima foram ouvidos em audiência no dia 9 de abril, no Fórum Lafayette. Na ocasião, um deles admitiu ser a pessoa que aparece nas imagens como o primeiro a alcançar o torcedor do Cruzeiro. Após chegar até ele, desfere um chute em suas pernas e o derruba. 

O suspeito alegou que estava apenas revidando as agressões, uma vez que seus rivais estavam disparando rojões contra os membros da Galoucura. Ele não soube dizer porque foi em direção ao confronto e até afirmou que a Máfia Azul contava com um grupo maior que o da Galoucura na ocasião. 

Por sua vez, o segundo suspeito, ouvido no mesmo dia, negou ter agredido a vítima. Ele disse que, ao perceber que o rapaz estava caído, apenas o empurrou com o pé, pois acreditava que tinha morrido.

“Se quisesse desferir um golpe para prejudicar aquele jovem, realmente teria desferido e ele nem estaria aqui mais”, disse ao juiz. Ele explicou que pratica artes marciais há 20 anos. A defesa dele corroborou o depoimento e afirmou que o suspeito apenas pisoteou o rosto da vítima.

O torcedor agredido contou que estava dentro de uma Kombi, após o jogo, junto com outros torcedores. Segundo ele, o grupo foi abordado por integrantes da Galoucura e obrigado a desembarcar do veículo. Assim as agressões teriam começado. 

A vítima contou ainda que perdeu a consciência logo após sofrer os primeiros golpes. Testemunhas confirmaram a versão. 

'Briga generalizada'

A defesa de três dos cinco envolvidos na agressão pediram que o juiz considerasse o caso como "rixa qualificada", alegando que houve um briga generalizada na ocasião, ao invés de homicídio tentado. 

Contudo, o magistrado entendeu que, apesar da disputa entre as torcidas, apenas o cruzeirense foi efetivamente agredido. 

“Não se quer dizer que as imagens isentam o grupo de torcedores cruzeirenses de parcial responsabilidade pelo início do confronto. Todavia, aparentemente, não ficou evidenciada nenhuma agressão física precedente àquelas sofridas pela vítima”, afirmou.

Para Fioravante, a intensidade das agressões, com socos, chutes, golpes sucessivos e violentos, bem como os danos causados à vítima, que não teve como se defender, representam motivo fútil e cruel. Assim, todo o quadro deverá ser apresentado ao grupo de jurados responsável pela sentença. 

Relembre

Na noite do dia 4 de março, após um clássico com maioria atleticana no Independência, no Horto, região Leste, grupos de torcedores das organizadas Galoucura e Máfia Azul se encontraram entre a avenida Amazonas e a rua Cura Dars, já no Prado, região Oeste.

Segundo a denúncia do Ministério Público, após muitas provocações mútuas, torcedores do Atlético, que estavam em maior número, agrediram com chutes, socos e pauladas Cloves Schuartz Neves. Mesmo desmaiado, continuou sendo espancado. 

Vídeos gravados por câmeras de vigilância foram alvo de investigação da Polícia Civil. De acordo com o promotor de Justiça, Eduardo Nepomuceno, a vítima sobreviveu apenas pelo fato de ter sido rapidamente resgatado pela Polícia Militar e socorrido pela equipe do SAMU. 

Os vídeos das agressões foram alvo de investigação da polícia que conseguiu identificar os integrantes das agremiações rivais. Segundo o promotor de Justiça, Eduardo Nepomuceno, a vítima não morreu só em razão da chegada da Polícia Militar ao local. O torcedor foi socorrido pela equipe do SAMU e levado para o Hospital João XXIII em estado grave. 

Veja o vídeo da agressão:

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