Televisão

Prejuízo mínimo em caso de queda para Segunda Divisão é de R$ 62 milhões

Clube rebaixado perde cota fixa, premiações e PPV; na Série B, times ganham só R$ 6 milhões

Thiago Nogueira| @SuperFCoficial
20/10/19 - 16h35

Se esportivamente a queda para a segunda divisão já é considerada um desastre, a partir deste ano, o rebaixamento traz consigo severas consequências para as finanças. Não há cálculos precedentes do tamanho do prejuízo para um grande clube, já que esta é a primeira temporada da nova forma de distribuição da cota de TV. Porém, com a ajuda do consultor de gestão e finanças do esporte Cesar Grafietti, o SUPER.FC fez uma estimativa de quanto Cruzeiro e Atlético – que vivem situação difícil no Campeonato Brasileiro – podem perder se caírem para a Série B. O rombo pode chegar a quase R$ 62 milhões para cada um.

Para chegar a um número aproximando, é preciso, antes de mais nada, entender como funcionava a distribuição da cota de transmissão da TV Globo, que fechou com a maioria dos times até 2024, incluindo a dupla mineira. A bolada passou a ser dividida assim: 40% distribuída de forma igual para as equipes; 30% de acordo com a audiência nas TVs aberta e fechada; e 30%; dependendo da classificação final, em dezembro, do primeiro ao 16º colocado.

Carregando...

Para 2019, Cruzeiro e Atlético, que são tratados no mesmo grupo, recebem, cada um, R$ 22 milhões da cota igualitária e R$ 18 milhões pelos jogos transmitidos (valor estimado). Se terminarem entre os 16 primeiros, ainda levam a premiação – a menor delas, a do 16º, é de R$ 11 milhões. Se ficarem entre os quatro últimos, não pegam nada. Assim, em eventual rebaixamento, deixariam de receber esses valores em 2020, ou seja, R$ 51 milhões.

Na Segundona, a cota de transmissão é única, dividida por igual: R$ 6 milhões. Até o ano passado, existia a apelidada “cláusula Vasco”, que mantinha o valor de Série A para um clube grande, mesmo na Série B, em seu primeiro ano de descenso. Mas isso acabou. Assim, em uma conta simples, se um time mineiro cair, já perderá, de cara, R$ 45 milhões.

Discussão

Clubes e televisão ainda discutem o que um time grande, em caso de rebaixamento, pode receber de pay-per-view (PPV) mesmo na segunda divisão. Em 2019, Atlético e Cruzeiro devem faturar R$ 16,25 milhões cada um. Há a chance de a TV continuar distribuindo os pacotes conforme venda (a tendência é que menos torcedores comprem os pacotes, e, consequentemente, o clube fature menos).

Outra situação discutida é dar ao clube a opção pela cota fixa (R$ 6 milhões) ou somente o valor de PPV. Há ainda um cenário, que seria o ideal, com o clube podendo levar as duas cotas fixas (a da Série B e aquilo que for apurado de pay-per-view). Numa visão pessimista, ou seja, tendo só os R$ 6 milhões, se uma equipe mineira cair, ficaria sem os R$ 16,25 milhões do pay-per-view, aumentando o rombo para R$ 61,25 milhões.

Bastidores

A grana da TV chega a representar mais da metade do orçamento dos clubes para uma temporada, por isso, a perda dessa receita é considerada tão trágica. Há um movimento entre os dirigentes de clubes para que se diminua o número de equipe rebaixadas. A quantidade atual – quatro ou 20% do total – é considerada grande por alguns. Em setembro, o Fluminense, que já foi rebaixado outras vezes, chegou a sugerir menos rebaixados, mas a CBF rechaçou a mudança e disse que o assunto não está em pauta.

Descenso tira chance de premiações da Conmebol

Se Cruzeiro e Atlético forem rebaixados, consequentemente, eles não terão vagas nas competições sul-americanas do ano que vem – só teriam se tivessem vencido a Copa do Brasil deste ano. Não há uma cota fixa por disputar a Libertadores e Sul-Americana, mas premiações na medida em que os times vão avançando de fase. Com a renovação dos direitos de TV, a Conmebol melhorou esses valores nos últimos anos.

Só pela participação na fase de grupos da Libertadores este ano, os mineiros receberam R$ 12,4 milhões cada um. O Galo ainda levou mais R$ 4,3 milhões por ter sido obrigado a disputar duas fases pré-Libertadores, mesma quantia que a Raposa ganhou por ter conseguido chegar até às oitavas de final.

Mesmo eliminado da fase de grupos, o Galo terminou em terceiro em sua chave e ganhou vaga na Sul-Americana. O alvinegro caminhou até a semifinal, quando foi eliminado pelo Colón, da Argentina. Somando as premiações por fase, o time garantiria mais R$ 9,4 milhões se tivesse chegado à final – levaria mais R$ 8,2 milhões se ficasse com o vice ou mais R$ 16,5 milhões se fosse o campeão. Essa jornada de altos e baixos do Atlético pela América na temporada rendeu R$ 26,1 milhões.

Disputar a Série B em 2020 dá uma outra certeza a quem por lá estiver: em 2021, o time também não vai conseguir conquistar uma vaga para uma competição sul-americana. Em 2021, o Cruzeiro comemora seu centenário. Com o aumento no número de vagas para competições continentais proposto pela Conmebol nas últimas edições, ficar em 14º lugar no Campeonato Brasileiro pode significar uma vaguinha na Copa Sul-Americana.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.