Na bronca

Torcedor com deficiência física relata dificuldade de acesso ao Mineirão

O atleticano Sinval Júnior reclamou da falta de informação de funcionários da Minas Arena ao tentar entrar no estádio no último sábado

Por Julio Rezende e Felippe Drummond Neto
Publicado em 13 de maio de 2019 | 19:24
 
 
O Mineirão recebeu a partida entre Atlético e Palmeiras no último sábado Douglas Magno / O Tempo

Torcedor do Atlético, Sinval Júnior, que tem uma deficiência física, usou sua conta no Twitter para reclamar do atendimento recebido quando tentou entrar no Mineirão, no último sábado (11), para assistir ao duelo com o Palmeiras, válido pelo Campeonato Brasileiro. No desabafo, ele classificou a situação de “falta de preparo e de respeito”.

Júnior contou que, depois parar o carro numa vaga no estacionamento destinado a pessoas com eficiência física, passou por três portarias antes de ser orientado onde teria de ir para entrar no estádio.

“Para acessar ao estádio, passei por 5 ou 6 pessoas que não sabiam onde era o acesso”, reclamou escreveu o torcedor em sua rede social. “Até que uma última me mandou dar a volta por fora do estádio”, completou.

Ele disse que não entender porque o estacionamento destinado a pessoas com deficiência física não fica perto do acesso à parte interna do estado. “Tem que dar a volta toda, ou meia volta, no estádio, a pé?”, indagou.

Em contato com a reportagem do jornal O Tempo nesta segunda-feira (13), Sinval Júnior contou que chegou a se irritar com a situação e que recusou uma cadeira de rodas oferecida por uma funcionária por se sentir constrangido, já que estava acompanhado da filha Giovanna, de 15 anos.

“Foi uma situação constrangedora e chata. As pessoas não estão preparadas para dar informação”, afirmou o torcedor, de 40 anos. Ele explicou que tem dificuldade de locomoção por causa de um problema no joelho esquerdo, que perdeu o movimento depois de uma infecção hospitalar quando passou por uma cirurgia, em 2009.

O torcedor disse ainda que consegue andar, mas sente dor por causa justamente da dificuldade de se locomover. Ele admitiu que chegou em cima da hora para o jogo, marcado para as 16h, e acabou, por causa da dificuldade para entrar, perdendo meia hora da partida.

Sinval Júnior informou que chegou a enviar uma mensagem para a Minas Arena, que administra o Mineirão, mas explicou que seu objetivo, ao tornar pública sua reclamação, é evitar que outros passem pelo mesmo problema.

“Fiz isso só para externar a situação difícil com a pessoa com deficiência física”, disse Sinval Júnior, que é assistente administrativo do Serviço Social do Comércio (Sesc).

A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa da Minas Arena que também explicou o acontecimento sob sua visão. "O que aconteceu foi que o torcedor estacionou seu carro em uma vaga para deficientes em frente ao Estádio, porém, seu ingresso (do portao A roxo superior), não tinha acesso pela entrada mais próxima do local. Diante disso, ele procupou informação e lhe foi colocado a disposição um funcionário e uma cadeira de rodas, para encaminhá-lo até o lugar de seu ingresso, mas ele mesmo negou", disse à reportagem a concessionária que administra o Mineirão.

Ainda segundo a Minas Arena, nesta segunda-feira (13), a administradora entrou em contato com o torcedor, para se desculpar e explicá-lo novamente o motivo que acarretou tal 'mal-entendido'. 

"Com relação à reclamação do torcedor, a Central de Atendimento do Mineirão respondeu a demanda importante ressaltar também que na partida desse domingo estavam em serviço 80 orientadores de público, sendo 10 deles com cadeiras de rodas à disposição para pessoas com mobilidade reduzida".

Por fim, a responsável pelo Mineirão, enviou à reportagem uma nota explicando como funciona o atendimento a torcedores PCDs (Pessoas com Deficiência).

"Os locais destinados às pessoas com deficiência estão localizados em todos os setores inferiores do estádio, com acessos por todos os portões. As vagas de estacionamento dentro do estádio destinadas às pessoas com deficiência estão localizadas em toda extensão do estacionamento, sempre com fácil acesso a elevadores e/ou escadas.

O Mineirão atende às normas, requisitos de acessibilidade universal. O estádio possui 622 assentos dedicados às pessoas com deficiência e acompanhantes. O estádio conta também com oito elevadores, rampas e ainda 38 banheiros acessíveis para usuários de cadeiras de rodas. Existem também 53 vagas exclusivas para veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência.

Como o Mineirão é tombado pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte e sua fachada não sofreu alterações em relação ao projeto original, a estrutura da arquibancada superior, parte do tombamento, não pode ser modificada, o que impossibilita a construção de rampas. Desta forma, os espaços para cadeirantes estão nas arquibancadas inferiores, no mesmo nível da Esplanada, assegurando condições de conforto e mobilidade", disse a nota.