Planejamento

Auditoria e imóveis: CEO do Cruzeiro detalha plano para reduzir dívida

Vittorio Medioli fala sobre próximos passos da Raposa até maio, quando o clube passará por eleições para definir seu novo presidente

Por Gabriel Pazini
Publicado em 23 de dezembro de 2019 | 19:29
 
 
Frederico Magno/O Tempo

Depois do inédito rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro e os últimos meses de desilusão e sofrimento, o Cruzeiro ganhou esperança nesta segunda-feira (23). Após a renúncia da antiga e criticada diretoria, o Conselho de Notáveis da Raposa teve sua primeira reunião nesta manhã e definiu como vai funcionar o Núcleo Dirigente Transitório do clube.

O presidente será Saulo Froes, com Vittorio Medioli ocupando a vice-presidência e sendo também o CEO do Cruzeiro. Emilio Brandi será o responsável pela parte administrativa e financeira, que terá oito áreas sob seu comando: financeiro, administrativo, informática, jurídico, auditoria, marketing e publicidade, social e patrimônio. Pedro Lourenço é o mandatário do departamento de futebol.

Confira como vai funcionar o Núcleo Dirigente Transitório:

Entenda como vai funcionar a transição do Cruzeiro. Saulo Froés presidente, Vittorio Medioli vice e Pedro Lourenço no comando do departamento de futebol pic.twitter.com/V3lMzlOj7T

— Gabriel Pazini (@Gabriel_Pazini) 23 de dezembro de 2019

Após a reunião, Medioli, novo CEO do clube, comentou o desafio para melhorar a grave situação financeira vivida pela Raposa e a dívida de mais de R$ 700 milhões do clube. "Fizemos uma boa reunião, analisando também a situação atual do Cruzeiro, que tem uma dívida de mais de R$ 700 milhões, que nos preocupa demais. Recebi uma convocação de todo o Conselho Deliberativo para assumir a vice-presidência executiva com a tarefa de montar um plano de recuperação financeira e reestruturação do Cruzeiro para elevar a outro patamar", declarou.

"Primeiro vamos trabalhar para tirar o clube dessa situação de calamidade em que se encontra, coisa que não será fácil, porque temos situações muito complexas. Amanhã (terça-feira, 24) teremos mais uma reunião, às 8h30 (de Brasília), para analisar todos os números com os detalhes e poder traçar esse plano de recuperação. Não será fácil. Vamos precisar do apoio dos nove milhões de torcedores cruzeirenses e fazer um esforço para, de agora até maio, recuperar a estrutura básica do clube", completou.

"Nessa nova reunião vamos pegar gasto por gasto e retirar tudo que é supérfluo em primeiro lugar. Depois, vamos negociar as dívidas, ver a consistência da dívida e as prioridades: dívidas trabalhistas, dívidas já transitadas em julgado e dívidas com bancos. É uma tarefa complexa. Na segunda semana de janeiro nós teremos condição de sinalizar o que o Cruzeiro tem de realidade e o que poderemos fazer no curto, médio e longo prazo", acrescentou.

Plano e auditoria

O novo CEO do Cruzeiro também revelou que já possui uma análise da dívida celeste, mas quer uma auditoria independente e externa para confirmar seus detalhes, e falou sobre a situação financeira da Raposa e o plano para salvar o clube, que deve envolver imóveis para abater parte da dívida.

"Já temos uma análise da dívida, mas será necessária uma auditoria independente e externa que confirme todos os detalhes dela. O Cruzeiro hoje se encontra em um desafio terrível, porque a receita que era de cerca de R$ 300 milhões, está prevista para R$ 80 milhões no próximo ano. Dever R$ 700 milhões com uma receita anual de R$ 80 milhões é uma tarefa realmente muito difícil", afirmou.

"Devemos sete, oito orçamentos anuais. Precisaremos aumentar o orçamento, fazer entrar (dinheiro) e negociar, mas o clube se encontra em uma situação de inadimplência e não será fácil sair dela. Nós tentaremos acordos, mas o Cruzeiro corre o risco de sofrer um impasse financeiro muito grave", disse.

"Em maio terá uma nova eleição que vai escolher presidente e diretores. Nós assumimos nesse momento como força tarefa, como voluntários não remunerados, num esforço de colocar a casa em ordem, dar credibilidade, porque temos pessoas sérias aqui e, como uma família, um grupo que ama o Cruzeiro, tentaremos recuperar o tempo perdido e melhorar a situação do nosso querido Cruzeiro", explicou.

"Esperamos, nos próximos 15 dias, formular um plano mais preciso para sinalizar aos credores aquilo que poderá ser feito, tanto na captação de novos recursos como na disponibilização de imóveis que possam servir para abater ou melhorar essa incrível dívida que estamos herdando. Temos fé que, com esse espírito corajoso e voluntário de recuperação, poderemos, muito em breve, sinalizar uma saída desse túnel que hoje não tem nem luz no final dele. Confio muito e assumi esse cargo de chefiar essa força tarefa em termos executivos porque tenho pessoas honestas e de grande credibilidade ao meu lado, que querem ver o Cruzeiro sair dessa situação", concluiu.