Belo Horizonte

Clube-empresa no Cruzeiro: advogados se reúnem com conselheiros e empresários

Objetivo é explicar melhor como o clube ficará antes da reunião e votação do Conselho Deliberativo, marcado para esta terça-feira (3)

Por Gabriel Moraes e Thiago Nogueira
Publicado em 02 de agosto de 2021 | 14:01
 
 
Clube seguirá como sócio majoritário, preservando o seu patrimônio Alexandre Mota / O TEMPO

Em reunião que acontece durante esta segunda-feira (2) em Belo Horizonte, advogados contratados por membros do antigo conselho gestor do Cruzeiro se reuniram com conselheiros, empresários e alguns torcedores para explicarem sobre o clube-empresa. Projeto será votado pelo Conselho Deliberativo do clube nesta terça-feira (3), dia chave para decidir se a Raposa se tornará uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ou não.

Segundo Gustavo Gatti, que participou do período transitório da presidência, essa palestra é importante para eles, conselheiros, chegaram na votação e explicarem melhor para o restante do grupo o que o clube pode se tornar. "Nós convidamos alguns conselheiros, representantes da torcida, grupo de empresários e outras pessoas que são importantes dentro da sociedade cruzeirense", disse.

Ele criticou o clube pela falta de prazo para os conselheiros pensarem e analisarem o tema. "Acho que foi uma tremenda falta de respeito com os conselheiros do Cruzeiro e com a torcida cruzeirense fazer um projeto de tal relevância que, por mais que tenham sido bem assessorados, nós deveríamos ter sido avisados com antecedência", afirmou Gatti.

"A nossa intenção dessa reunião é ter conhecimento do clube empresa, para que amanhã na reunião apresentarmos para o conselho o que tem que ser mudado. Infelizmente, as coisas só pioraram. Amanhã é um dia decisivo e não podemos errar", explicou Saulo Froes, ex-membro do conselho gestor.

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Um dos advogados convidados para palestrar sobre o clube-empresa foi Pedro Trengouse. Para ele, a SAF traz muitos benefícios aos clubes, mas também têm seus riscos, por isso, quem decide se ela será implementada ou não deve ter pleno conhecimento sobre o assunto.

"É fundamental compreender o que essa nova legislação pode trazer para o futebol brasileiro. Há muitas oportunidades, mas também há alguns riscos, por isso, é preciso tomar decisões embasadas, fundamentadas", disse.

"A lei ainda não foi sancionada, então, ainda estamos falando em hipóteses. É esperar para ver se o presidente (Bolsonaro) vai vetar ou não algum dispositivo. Mas com a legislação atual, o clube já pode se organizar como empresa. Já tem dois: Cuiabá e o Red Bull (Bragantino)", completou.

Segundo Trengouse, o Brasil não pode ficar para trás. "Acho muito importante que fóruns de discussão como esse aconteçam. Esse movimento de discussão do clube empresa acontecendo junto com essa tendência de constituição de uma liga profissional, coloca o Brasil no primeiro mundo. Nos dez principais mercados, só o Brasil não tem liga nem clube empresa", concluiu.

Outra pessoa que participa do evento é Pedro Mesquita, da XP, empresa que deverá ser responsável pela comercialização do Cruzeiro e captação de investidores.

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Na proposta discutida, o clube seguirá como sócio majoritário, preservando o seu patrimônio. A ideia é que haja uma divisão clara com a constituição da empresa, com o social tendo uma receita específica, e o futebol outra. A intenção do projeto é que 20% do faturamento do futebol seja utilizado para quitar dívidas do clube.

A diretoria do Cruzeiro já está à procura de possíveis investidores para trabalhar ao seu lado no novo formato de clube-empresa. A intenção é que haja parceiros aportando R$ 150 milhões e aumentando gradativamente ao longo das temporadas, podendo a chegar a R$ 600 milhões.