Crise sem fim

Conselho gestor diz que vai deixar o Cruzeiro caso eleição de maio aconteça

Gestores querem apenas um pleito no clube este ano

Cruzeiro | Foto: Igor Sales/ Cruzeiro
Da Redação
27/03/20 - 21h00

Mesmo com o mundo parado, por causa da pandemia do novo coronavírus, os bastidores do Cruzeiro seguem agitados. Na noite desta sexta-feira (27), o Conselhor Gestor do clube divulgou uma nota oficial criticando a posição do candidato a presidente Sérgio Santos Rodrigues, que quer a realização imediata de eleições. Na opinião dos gestores cruzeirenses, o clube deve ter apenas um pleito, em outubro, e não dois como propõe Rodrigues. O Conselho Gestor do Cruzeiro afirma que vai deixar o clube no dia 31 de maio, caso as partes não cheguem a um consenso. 

O presidente em exercício do clube, Dalai Rocha, reafirma a preocupação com a pandemia:

"A situação que agora nos preocupa é a mesma que assusta o mundo: o coronavírus. Não temos nenhuma condição de nos reunir agora para uma eleição, seria até uma irresponsabilidade. Isso prejudicou até a possibilidade de uma antecipação da eleição, algo que vinha sendo discutido e proposto pelo vários conselheiros.”

Dalai Rocha conta que tentou organizar uma eleição virtual, sem a presença dos conselheiros no local de votação, mas que não foi possível.


“Eu tentei sim, por meio do jurídico, ver a possibilidade de uma eleição virtualmente ou com algum sistema especial do TRE, mas estaturiamente as eleições do Cruzeiro precisam ser presenciais. Esse outro tipo de pleito não se enquadra nas características do nosso clube."

 

Leia, na íntegra, o comunicado oficial do Conselho Gestor do Cruzeiro.

 

Conselho Gestor: O Cruzeiro não suporta duas eleições em um ano

Os representantes do conselho gestor do Cruzeiro vêm a público manifestar seu posicionamento a respeito de duas eleições em apenas um ano e o andamento dos trabalhos de reconstrução do Cruzeiro Esporte Clube. Nessa quinta-feira, o candidato Sérgio Santos Rodrigues afirmou que as eleições no Cruzeiro devem acontecer de qualquer maneira, mesmo com a crise provocada pela pandemia de coronavírus.

Porém, o momento é de muita cautela, não apenas pelas consequências da doença que assola o mundo, mas também pela situação do próprio Cruzeiro, que voltou a respirar após ser completamente arrasado pelas antigas gestões, culminando com o rebaixamento e a maior crise financeira de sua história.

Em três meses com o conselho gestor o Cruzeiro passou por uma grande transformação, com muitas demissões, revisão e renegociação de contratos, e a diminuição de uma folha salarial de 16 milhões para menos de 3 milhões de reais. Foi contratada a empresa Kroll, para investigação corporativa, iniciada a negociação das dívidas dos processos na Fifa, a defesa para a manutenção do clube no Profut e renegociação das antigas dívidas com os credores. Tudo isso está evoluindo porque as entidades entendem que o Cruzeiro hoje é gerido por pessoas que buscam soluções para o clube, não qualquer tipo de vantagem. E o Cruzeiro voltou a ter CREDIBILIDADE, perante a todos.

A realização de duas eleições em apenas um ano vai paralisar, ou ainda voltar as negociações à estaca zero, atrasando um processo de retomada de crescimento, justamente quando o clube começa a engrenar, ganhar ritmo na área financeira, administrativa e institucional. E com uma reformulação recente no departamento de futebol. É necessário ressaltar, da maneira mais clara possível: o Cruzeiro será o mais prejudicado.

No conselho gestor não tem nenhum político para ficar fazendo conchavos e alianças, nenhum membro que ao longo das últimas décadas vem almejando a cadeira da presidência. Emílio Brandi, candidato, hoje é o representante do Conselho Gestor e já mostrou que não tem a intenção de continuar neste mundo político da instituição. E o conselho gestor ainda tentou fazer uma composição, na tentativa de evitar um dano maior para o clube com as eleições em maio. 

Uma pergunta aqui se faz necessária para a outra chapa. Por que não usar o bom senso, para deixar que o trabalho tenha continuidade por um tempo minimamente razoável?

Todos sabem os motivos que levaram o Cruzeiro à crise, com o rebaixamento no futebol, o nome da instituição em páginas policiais, descrédito em todas as esferas e sem dinheiro nem para o vale transporte das cozinheiras da Toca.

A situação era seríssima e continua muito difícil. Com uma administração austera, após cortar despesas por todos os lados, o Cruzeiro ainda pode ser derrotado se não conseguir manter uma gestão eficiente e não honrar as dívidas com os processos na Fifa, com o possível rebaixamento à Serie C caso não faça os pagamentos.

Portanto, passar por duas eleições em um único ano, com um pleito em maio e outro em outubro, será algo catastrófico para a instituição. O momento é de todos trabalharem para a recuperação do Cruzeiro, não de convencer A ou B para tentar ganhar o seu voto.

Reiterando: em maio o Brasil e o mundo ainda estarão sofrendo com o coronavírus e a sua consequente crise econômica. A intenção é que até outubro o conselho gestor dê uma continuidade ao trabalho, fazendo o que tem que ser feito, dando todo o respaldo para que o futebol siga bem em campo e atinja o objetivo principal, que é o acesso à Série A. Até lá a ‘casa’ estará mais arrumada, para então, democraticamente, se eleger o novo presidente do clube.

Caso ocorra a eleição em maio, promovendo este ‘racha’, neste momento difícil do clube, não haverá candidato do conselho gestor e no dia 31 de maio o grupo encerrará suas atividades, com todos os gestores voltando a ser apenas torcedores.

Conselho Gestor do Cruzeiro Esporte Clube

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