Crise celeste

Desolado, Fábio desabafa: 'Estão sentindo o peso da camisa do Cruzeiro'

Ídolo da Raposa, goleiro sofreu durante a derrota para o Grêmio e depois foi honesto na zona mista da Arena

Gabriel Pazini| Enviado Especial
06/12/19 - 08h51

PORTO ALEGRE. Entre várias outras conquistas, são três Copas do Brasil e o bicampeonato brasileiro. Os momentos inesquecíveis e as defesas épicas são incontáveis nas mais de 800 partidas com a camisa do clube, um número impressionante do jogador que mais vezes defendeu o Cruzeiro na história.

Não à toa, Fábio entende como poucos o que é defender o gigante mineiro. Não à toa, Fábio sofre, e muito, quando vê coisas erradas e a Raposa viver o pior e mais delicado momento de toda a sua gloriosa história quase centenária.

Isso ficou nítido na derrota para o Grêmio, nesta quinta-feira (5), em Porto Alegre. Além de sofrer e trabalhar muito nos ataques gremistas e protagonizar as defesas de sempre, Fábio sofreu muito não só ao ver seu time se defendendo, mas também ao ver sua equipe atacando. Fábio sofreu o jogo todo com um Cruzeiro perdido.

 

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Braços abertos como quem não acredita. Virar de costas e voltar caminhando cabisbaixo para o próprio gol. Mãos na cabeça e coçando a nuca como quem não crê no que está vendo. Semblante triste. As reações do ídolo celeste foram as mais variadas a cada passe errado, ataque desperdiçado e finalização equivocada da Raposa na Arena.

Após o primeiro gol do Grêmio, o goleiro ficou sentado no gramado, alternando o olhar para baixo e para frente balançando a cabeça negativamente antes de se levantar e gritar (no sentido de tentar animar os companheiros e corrigir os erros) com seu time.

Ficou nítido que Fábio está desolado vendo seu poderoso Cruzeiro, tão temido, chegar neste ponto. A equipe está completamente bagunçada, sem organização tática alguma, perdida e parece entregue psicologicamente. A atuação na Arena foi mais uma das várias exibições tenebrosas dos celestes no Campeonato Brasileiro, com vários erros bobos de passes, ataques desperdiçados de formas bizarras, finalizações pífias, uma defesa completamente confusa, um meio-campo desorganizado e um ataque nada inspirado. O cenário é desesperador e a sensação é de que, realmente, apenas um milagre salva a Raposa e evita o inédito rebaixamento.

Não à toa, após mais uma derrota, Fábio acabou desabafando na zona mista da Arena do Grêmio. "A pressão é muito grande e não é fácil você envergar uma camisa vitoriosa com a do Cruzeiro, e os jogadores estão sentindo esse peso... Coisas simples de fazer dentro de campo, como dominar e passar, na grande maioria das vezes, escolhemos a pior opção e criamos uma jogada mais difícil que a necessária. A pressão que existe é nítida, mas temos que continuar lutando e nos dedicando", declarou o goleiro.

"Temos que fazer o simples. O futebol também é simples. Temos que fazer essa simplicidade fluir dentro do jogo, principalmente em um momento delicado em que o peso da camisa, a responsabilidade e a pressão são grandes. Temos que fazer o simples: dominar, passar, achar o companheiro, ajudar, e não pode faltar dedicação e raça", completou.

O ídolo celeste, porém, disse ainda acreditar que o milagre pode acontecer. "O Cruzeiro tem que lutar até a última chance que tiver. Enquanto tiver chance matemática, o Cruzeiro vai lutar para permanecer. Tenho fé de que vamos terminar com alegria mesmo diante de tantas adversidades", afirmou.

Se a última frase foi apenas por falar ou se o goleiro realmente acredita na permanência, só ele sabe e pode dizer.

O fato é que, para evitar uma mancha na história de páginas heroicas e imortais do Cruzeiro, Fábio terá que, junto com seus companheiros, encerrar a péssima sequência celeste neste domingo (8), contra o Palmeiras, no Mineirão, às 16h (de Brasília). Para permanecer na Série A, a Raposa, que perdeu seus últimos quatro jogos, não vence há oito, só venceu uma vez nas últimas 20 partidas e marcou apenas um gol nas últimas sete, precisará vencer o time paulista e torcer por uma derrota do Ceará contra o Botafogo, no Rio de Janeiro.

 

 

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