Entrevista

Dodô lembra que não foi aproveitado na base do Cruzeiro por ser baixinho

Em conversa com o Super FC, o jogador comentou sobre sua primeira passagem pela Raposa e o momento vivido agora no clube

Josias Pereira| @Supernoticiafm
01/04/19 - 10h01

Você teve uma passagem ainda muito novo pela base do Cruzeiro. Esses dias você até relembrou em uma foto seu primeiro jogo no Mineirão, uma preliminar de Cruzeiro x Corinthians, em 2005, quando Fábio já era goleiro da Raposa. Como foi aquela primeira passagem e como é voltar ao clube? 

"Uma experiência muito legal. Eu era muito jovem, cheguei aqui com 11, quase 12 anos, uma criança ainda, hoje em dia eu olho as fotos lá em casa e falo para a minha mãe, "vocês são doidos por terem deixado eu sair de casa naquela idade". Mas foi uma experiência muito legal, aprendi bastante. Morei quase quatro anos aqui em BH, na Toquinha, e fui muito feliz aqui. Foi um momento difícil para mim quando eu decidi deixar o Cruzeiro porque eu não estava feliz, não estava jogando tanto já. Na época eu tinha ficado muito abaixo fisicamente, eu era o mais baixinho, o mais fraquinho do grupo e fui buscar meu espaço lá no Corinthians, em São Paulo. Foi um momento difícil porque eu gostava muito daqui, tinha muitos amigos, passei toda a minha adolescência aqui, então deixar meus companheiros que eram a minha família depois de tanto tempo juntos, foi complicado. Mas foi uma decisão boa também, foi algo que deu certo". 

Naquela época de base do Cruzeiro, você jogava mais pela meia-esquerda, inclusive o Dudu, hoje no Palmeiras, foi companheiro seu naquele período. Como que foi essa mudança para a posição de lateral-esquerdo?

"Aqui no Cruzeiro eu nunca joguei de lateral-esquerdo, fui virar lateral-esquerdo com 15 anos lá no Corinthians. A gente tinha um meio-campo com dois jogadores, o treinador começou a me testar na lateral, acabei ficando e aí, menos de dois anos depois, o Mano já tinha me levado para o time de cima e as coisas aconteceram muito rápido. Realmente a minha experiência de lateral-esquerdo na base começou no Corinthians. E quanto ao time que tínhamos aqui na base do Cruzeiro era muito bom, lembro que meu último campeonato jogamos um Brasileiro em Votorantim, São Paulo, e fomos vice-campeões e nosso melhor jogador já era o Dudu na época. Ele já se destacava bastante". 

Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou no período de base? 

"Ficar longe da família é muito difícil realmente, mas eu acho que no meu caso eu vim tão cedo para cá que pra mim, assim, era tão divertido estar aqui que eu sentia menos. Acho que quando você é um pouco mais velho, fica cada vez mais difícil, porque aí você já tem os amigos fora da escola, tem uma namoradinha, fica mais difícil ainda. Quanto mais novo, menos sente, ao menos no meu caso eu penso assim. Foi difícil sair (do Cruzeiro), mas era algo que eu precisava fazer. Já tinha pedido meu espaço, estava meio desanimado. Ir para o Corinthians foi algo que deu uma renovada na minha carreira, de querer ser jogador, de me divertir novamente. Foi o que meu deu um gás novo para minha carreira no futebol. 
Você passou pelo Corinthians, no Bahia, depois retornou ao clube paulista e foi jogar no futebol europeu aos 20 anos, defendendo grandes clubes da Itália como Roma, Inter de Milão, Sampdoria".

Como você avalia sua passagem pela Europa e o porquê de não ter conseguido se firmar lá? 

"Eu fui bem jovem, tive um ganho muito grande na minha carreira, principalmente na parte tática, na parte defensiva, que sempre foi o meu ponto fraco quando era mais novo. Foi bom pra mim ter saído cedo, acho que tive tempo de aprender bastante, hoje com 27 anos me sinto pronto para atuar em qualquer liga do mundo e pronto para atuar em alto nível. A questão de não ter dado certo lá, acredito que eu tive um pouco de azar na minha melhor fase, quando eu fiz um grande ano com a Roma, fomos vice-campeões italianos, batendo o recorde de pontos, batendo o recorde de vitórias, foi um ano muito legal, fui para a Inter de Milão, comecei muito bem, fui convocado pela seleção brasileira e acabei me lesionando. Tive que fazer uma segunda cirurgia no joelho que me deixou quase um ano parado novamente (ele já tinha passado por algo semelhante no Corinthians antes de seguir para Europa) e dali as coisas não deram tão certo. Foi aí que eu tomei a decisão de voltar ao Brasil no ano passado, defendendo o Santos". 

O Mano foi o responsável por te dar uma chance no profissional do Corinthians. Qual foi o papel dele na sua opção pelo Cruzeiro? 

"Ele teve uma participação importante. Fico feliz de reencontrá-lo depois de quase dez anos aí dele ter me dado essa oportunidade, não só ele como o Sidnei também, o Dudu, preparador físico que trabalhou com eles no Corinthians. O futebol é isso, dá várias voltas. Acredito que pelo fato dele ter também me ligado, me procurado para vir para cá, dizer que lá atrás sempre me comportei bem mesmo com o jovem que jogava menos, sempre dei o meu melhor, aquela primeira impressão na época de Corinthians há 10 anos foi positiva e fico feliz de trabalhar com ele de novo". 


No Cruzeiro, você tem a disputa com o Egídio. Está sendo complicado tirar esse homem da titularidade. 

"Egídio vem bem desde o ano passado, a gente acabou se enfrentando no Brasileiro e na Copa do Brasil, onde o Cruzeiro sagrou-se bicampeão, e já era perceptível isso. Acho que este ano o Cruzeiro está bem servido de lateral e isso que é importante. Estou respeitando a opção do Mano, tenho ficado mais fora do que em campo, mas faz parte, sei que meu momento vai chegar. Importante é continuarmos bem, mantendo essa invencibilidade que dá um gás a mais no nosso dia a dia, hoje somos só nós das Séries A e B que estamos sem perder, é algo que é motivo de orgulho para a torcida, para nós que estamos trabalhando aqui, sabemos o quanto isso é difícil, o quanto que somos exigido, acho que é um motivo a mais para nos esforçarmos e estarmos prontos para quando o Mano precisar". 

No Cruzeiro, quando você estava na base, você já tinha algum ídolo no clube? 

"Quando eu cheguei tinha o Alex ainda. O time do Cruzeiro era muito forte, aquele time lendário de 2003 que conquistou tudo. E tinha também um ex-companheiro que me chamava muita atenção nos tempos de Itália e que jogou aqui que é o Maicon, um cara sensacional, que conquistou bastante aqui, ídolo da torcida, tanto ele quanto o Felipe Melo. Mas o Maicon me chamava atenção bastante e depois acabamos jogando juntos na Itália e fez história aqui"

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