Desdobramentos

Em carta, ex-conselheiros fiscais do Cruzeiro expõem razões de renúncias

Em documento, representantes afirmaram que atual diretoria celeste está na contramão de grandes clubes nacionais e internacionais

Por Da redação
Publicado em 28 de maio de 2019 | 21:38
 
 
Diretoria quer "respirar" ao eliminar dívidas mais urgentes Fred Magno/O Tempo

Em carta-renúncia assinada por Geraldo Luiz Brinatti, Celso Luiz Chimbida e Ubirajara Pires Glória, os três primeiros membros do Conselho Fiscal do Cruzeiro que renunciaram aos seus cargos, fica exposta a revolta com a situação do clube sob a administração da gestão Wagner Pires de Sá. Os signatários do documento expressam a preocupação com as açoes da diretoria, que "inibe as ações responsáveis da instância fiscalizadora (no caso, o Conselho Fiscalizadora), instaura um abiente fraco de controle interno e, consequentemente, de baixa governança, atuando na contramão dos clubes brasileiros e internacionais". 

Em outro trecho da carta, os conselheiros salientam que a opção de renunciarem aos seus cargos passa por não se prestarem a atos de negligência admninistrativa e de conivências com tamanhas irregularidades na gestão do clube. 

O documento foi compartilhado em grupos de WhatsApp, acompanhado de uma mensagem que denotava desapontamento com Zezé Perrella, atual presidente do Conselho Deliberativo, e a omissão do dirigente na fiscalização aos atos da atual administração. 

A mensagem teria sido encaminhada por Celso Luiz Chimbida, um dos conselheiros que renunciaram ao cargo e assina a carta renúncia. Ele questiona, inclusive, a presença de Gustavo Perrella, filho de Zezé, na atual gestão do Cruzeiro, recebendo vencidos de R$ 60 mil, segundo a mensagem. No fim, Chimbida cita que nunca foi covarde, como Perrella citou sobre a postura dos conselheiros fiscais ao renunciarem. O depoimento do atual presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro foi dado em entrevista ao site Superesportes. Já a informação da resposta de Chimbida foi publicada pelo site Deus me dibre.

Veja a carta renúncia abaixo: 

Os três signatários da carta haviam deixado seus cargos antes mesmo das denúncias contra o Cruzeiro sem veiculadas no programa Fantástico, da Rede Globo. Eles cobravam documentos do clube referentes a salários e o aumento dos referidos vencimentos de atletas e dirigentes, além de outras informações sobre as finanças do clube. O presidente Wagner Pires voltou a afirmar em coletiva na última segunda-feira que os documentos solicitados não poderiam ser divulgados para proteger a individualidade dos atletas e profissionais do clube, utilizando-se de uma instrução comunicada aos Conselheiros, no qual o cartola afirma ter recebido do Compliance do clube, setor responsável por acompanhar se uma empresa está agindo em conformidade a todos os processos, instruções normativas e leis, sejam elas internas ou externas.

Itair Machado reforçou a palavra do presidente destacando que o "Brasil é um país com muitos sequestros e violência" e que a medida foi tomada para proteger os atletas. Ele disse, no entanto, que solicitou a Wagner Pires que revelasse seus vencimentos, um dos pontos questionados pela oposição. A reportagem do Fantástico mostrou que no ano passado o vice-presidente teve três aumentos de salários, acumulando um montante total de R$ 3,3 milhões em vencimentos e premiações recebidas pela conquista dos títulos e resultados do Cruzeiro. 

Ubirajara Pires Glória, um dos conselheiros do Cruzeiro que renunciaram ao cargo no Conselho Fiscal, participou da matéria do "Fantástico" e chegou a externar seu receio com a possibilidade de falência do clube devido à dívida superior a meio bilhão de reais. 

Conselho completamente esvaziado  

Dois dias depois das denúncias feitas pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, o caldeirão segue fervendo no Cruzeiro. Se na segunda-feira, uma coletiva comandada pelo presidente Wagner Pires de Sá e pelo vice de futebol, Itair Machado, para responder o que foi levantado, foi tensa e marcada até por um bate-boca com um repórter, nesta terça-feira um novo capítulo foi escrito, também como reflexo da crise desencadeada pelas acusações feitas no domingo. 

Os conselheiros Valter Batista e Daniel Faria, que deixariam a função de suplentes para tornarem-se membros efetivos do Conselho Fiscal do Cruzeiro, renunciaram e o setor ficou totalmente esvaziado.

Nova eleição

O estatuto do time celeste estabelece a convocação do Conselho Deliberativo no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da última vacância, para promover uma eleição dos novos suplentes. Para esse pleito, por conta da urgência, qualquer um dos conselheiros poderá se candidatar as três vagas efetivas e também às de suplência, formando-se assim um novo Conselho Fiscal. A expectativa é que Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, envie uma convocação aos conselheiros celestes nesta quarta-feira para instruções relativas ao novo pleito.