Dono da faixa

'Estou no futebol para deixar um legado', diz Léo, o capitão do Cruzeiro

Símbolo de liderança em temporada de reconstrução, zagueiro falou da emoção dos funcionários da Raposa quando do anúncio de sua permanência

Por Josias Pereira
Publicado em 24 de janeiro de 2020 | 08:00
 
 
Léo assume a braçadeira do Cruzeiro em ano de reconstrução Bruno Haddad/Cruzeiro

Depois de temporadas seguidas com o Cruzeiro tendo a capitania do volante Henrique, a faixa neste início de ano foi entregue a um novo personagem: o zagueiro Léo. O primeiro atleta do elenco a dar o fico à diretoria para 2020, o defensor comentou sobre a responsabilidade de ser o capitão celeste neste processo de reconstrução. Uma liderança que o atleta já considerava exercer, mas agora definitivamente selada com o adereço. Em sua fala, Léo recordou, por exemplo, quando o expediente goleiro Fábio esteve com a faixa por temporadas seguidas e preferiu, dessa vez, deixar com que o papel fosse repassado a outra figura.

“A gente sabe que a faixa é um símbolo. A gente já vem exercendo essa liderança há alguns anos, sei também que o Fábio é um grande cara aqui no Cruzeiro, um ídolo, maior número de jogos, maior número de conquistas, é um cara sensacional, mas ele mesmo, a gente já passou algumas experiências há três anos, quando eu passei a faixa pra ele e ele não quis. É uma questão de respeito, a gente conversa bastante, nos damos muito bem, mas para mim é uma honra, uma responsabilidade de poder representar o torcedor ali dentro de campo, de poder representar toda essa liderança. Sabemos que teremos jogos difíceis, desafios, mas que com a ajuda de todos, com a faixa de capitão, com essa liderança, a gente consiga todos os nossos objetivos, o maior alvo que é retornar o clube à Série A do Brasileiro. Vamos galgar tijolinho por tijolinho, jogo a jogo, evoluindo, buscando sempre contribuir com o melhor, se doando ao máximo. Esse é o comprometimento que a gente tem com o clube dia a dia para que consigamos o nosso objetivo”, ponderou Léo. 

Tão logo anunciou a permanência no Cruzeiro, o defensor viu sua atitude ganhar a admiração do torcedor. Uma prova disso foram as inúmeras camisas vendidas com o número 3 e o nome do atleta nas lojas oficiais do clube. Um respeito que também serviu de inspiração aos funcionários do Cruzeiro, que atravessam um complicado momento de cortes e atrasos salariais. Léo compreende seu papel neste momento. 

“Eu estou no futebol para deixar um legado”, salientou o camisa 3 da Raposa.

"Estou aqui para influenciar alguém, tomando essa atitude (de permanecer no Cruzeiro) você sente algo diferente dos funcionários do clube, muitos chorando, me abraçando, dando um pouco de esperança, dizendo que a gente está com o clube, respeita a instituição, respeita o clube. Isso para mim é algo que emociona bastante porque, claro que a gente está no futebol para vencer, ganhar títulos, mas o principal de tudo é deixar um legado, deixar essa influência para os mais jovens, para aqueles que vêm contratados para a equipe, que eles possam respeitar o clube, abraçar, se comprometer e eu como caráter, princípio e valores, eu tomei essa decisão. Foi a melhor escolha que eu fiz, de estar no momento, sabendo que será um ano difícil, de desafios, mas o que vale a penar é dexar esse legado, um incentivo e lutar", concluiu Léo. 

Com a saída de Henrique, Léo é hoje o segundo jogador do elenco que mais entrou em campo pelo Cruzeiro. São 381 partidas. Fábio lidera a lista, com 873 partidas.