Oposição cobra documentos e analisa ações contra atual gestão do Cruzeiro

As denúncias reveladas pelo programa "Fantástico", da Rede Globo de Televisão, sobre transferências irregulares do Cruzeiro, incluindo a venda de direitos econômicos de Estevão Willian, de apenas 12 anos, o que é proibido por lei, além de suspeita de lavagem de dinheiro e outras movimentações ilegais fizeram com que torcedores do clube celeste pedissem um posicionamento dos conselheiros sobre o ocorrido e até mesmo a saída dos dirigentes envolvidos na reportagem. A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar denúncias sobre falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. 

Sérgio Rodrigues, candidato à presidência nas últimas eleições celestes e um dos signatários do pedido protocolado por membros de oposição do Conselho de um pedido de esclarecimento de pontos do Balanço Financeiro do exercício 2018, afirmou em contato ao Super FC que o grupo aguarda as exposições da Polícia Civil sobre o caso, uma vez que atingiu a esfera criminal, e que segue à espera dos documentos que foram omitidos pela atual diretoria. 

"Na época da eleição eu costumava dizer que não existe oposição no Cruzeiro. Todos querem o bem do clube. Então todos tem que ser responsáveis por isso. Essas notas e declarações que têm sido ditas pela atual diretoria mostram que quando não se tem argumento para se defender, eles atacam. A função de um conselho é procurar zelar pelo bem do clube e apontar irregularidades. Eu vou continuar esperando os documentos que pedimos serem apresentados, ver o que a Polícia Civil irá também fazer para podermos saber que medidas deverão ser tomadas", disse o conselheiro. 

"O que não pode é termos jogadores tendo seus direitos negociados para o pagamento de uma dívida que é muito inferior ao valor do passe que possuem. São muitas acusações sérias e tudo precisa ser investigado. Não podemos ter uma empresa que se diz responsável pelo passe de um atleta e, no fim, descobrirmos que é uma madereira abandonada. Ou então dirigente recebendo bonificação por contratos de patrocínio. Como pode um cargo teoricamente de CEO ter participação em receita?", indagou Sérgio. 

"O que precisamos ter nesse momento é serenidade para tomarmos o melhor caminho em prol do Cruzeiro porque é triste ver essa situação no clube, uma história que não pode ser manchada", completou o conselheiro. 

Questionado sobre a prática citada pela matéria do Fantástico, em que membros da atual gestão procuraram o apoio dos conselheiros oferecendo presentes. 

"Cada um tem a sua consciência. Eu mesmo não estava nessa votação aí dos 300 milhões de empréstimo, fiz uma carta aberta pedindo para votarem contra. Eu soube de histórias assim (de beneficiamento), eu não fui chamado para nenhuma reunião dessa, não seria mesmo. Mas se os outros não tiveram a mesma postura eu não posso falar por eles", ressaltou. 

Encontro 

Segundo apuração do Super FC, um grupo de conselheiros natos do Cruzeiro se reuniu na manhã desta segunda-feira com o objetivo de propor uma ação judicial contra os dirigentes citados na reportagem do Fantástico, entendendo que medidas deverão ser tomadas para preservar o clube. A expectativa é que um encontro emergencial do Conselho do Cruzeiro aconteça ainda nesta semana. 

Sem contato 

A reportagem tentou contato com o presidente Wagner Pires de Sá e também com a comunicação do Cruzeiro, mas não obteve nenhum retorno. 

Alguns pontos cobrados e citados por Sérgio Rodrigues 

A qual ação refere-se o(s) depósito(s) judicial(is) adicionais em 2018 o qual fez com que o saldo dessa conta aumentasse de R$ 7,5 milhões para 13,5 milhões (aumento de R$ 6 milhões)?

A que se refere os adiantamentos feitos a fornecedores que somam R$ 1.144 mil?

A que se refere, quais os funcionários e há quanto tempo os funcionários possuem esses adiantamentos no montante de R$ 553 mil?

O Cruzeiro Esporte Clube está em atraso com algum imposto? Por que o Imposto de Renda retido na fonte foi de R$ 11,3 milhões em dezembro de 2017 e praticamente triplicou em dezembro de 2018 para R$ 32,3 milhões?

O Cruzeiro Esporte Clube possui contas a pagar a clubes nacionais a partir de 2020 no valor de R$ 30,1 milhões. A qual(is) clube(s) nacional(is) refere(m)-se este pagamento e qual o motivo da dívida?

Em 2017 não havia nenhum parcelamento com a Receita Federal (nota 16). A que se refere o valor de R$ 21,1 milhões que foram parcelados a partir de 2018? Desde quando o Cruzeiro Esporte Clube atrasou impostos dessa natureza, caso seja esta a motivação?

Qual foi o valor considerado como receita de venda dos direitos do atleta Giorgian De Arrascaeta em 2018?

Considerando que houve um aumento de receita de R$ 80 milhões, o que a administração considerou para aumentar os custos de atividades desportivas em outros R$ 80 milhões, considerando que a receita teve esse aumento principalmente em relação à venda dos direitos do atleta G. De Arrascaeta?

Por que os custos gerais e administrativos relacionados aos custos de atividades desportiva profissional teve um aumento de 44,7%, um aumento de R$ 12,2 milhões, considerando que o Cruzeiro teve apenas 3 viagens ao exterior a mais em relação a 2017?

Sabendo que a estrutura administrativa do Cruzeiro já era grande em 2017, qual a justificativa para aumento de custos de pessoal operacional em 21% (ou R$ 2,6 milhões) – passando de R$ 12,5 milhões para R$ 15,1 milhões.

O demonstrativo de fluxo de caixa indica que os salários e ordenados aumentaram em R$ 9,6 milhões quando comparam-se os salários a pagar em dezembro de 2017 e dezembro de 2018. Esta informação está correta? Se não, qual os valores de salários a pagar ao final de 2017 e ao final de 2018?

O Cruzeiro Esporte Clube adquiriu R$ 79 milhões em novos jogadores ou renovação de contrato. Gostaríamos que listassem quais foram esses valores por jogador.

No dia 16 de abril de 2019, o veículo de imprensa Yahoo noticiou sob o título “Cruzeiro gastou R$ 4,2 milhões com Itair Machado em 2018”. Com isso, solicita-se:
a) Conforme reportagem, Itair Machado recebeu através de uma empresa. Quais são as empresas em que Itair Machado ou pessoas de primeiro grau são sócios e que houve pagamentos do Cruzeiro para estas empresas em 2018?
b) O valor indicado pela reportagem está correto? Se não, qual o valor correto?
c) Quais serviços prestados pela(s) empresa(s) citadas no item (a) e qual o valor cobrado por cada serviço?
d) Quais os valores totais (salários + premiações) recebidos pelo Sr. Itair Machado em 2018 como pessoa física?