Peso duplo

Permanência na Série A é esperança para contornar finanças do Cruzeiro

Batalha pela elite é também a batalha para contornar drama financeiro que se instaurou no clube em 2019

Homem forte do futebol do Cruzeiro, Perrella confia no bom relacionamento que vem desenvolvendo com os atletas | Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Josias Pereira | @superfcoficial
17/11/19 - 09h00

O Cruzeiro trava uma batalha rodada após rodada no Campeonato Brasileiro para conseguir se livrar do vexame que seria o rebaixamento à Série B, algo inédito na história do clube. Mas a Raposa não joga apenas para se manter na elite. Joga também por suas finanças. Um fator ainda mais desesperador para o time. A dívida celeste já ultrapassa os R$ 500 milhões, e a Raposa ainda teve que adiantar cotas de patrocínio e TV para contonar o custo mensal com o futebol de R$ 15 milhões. É o jeito que a administração encontrou para se 'virar nos 30' e honrar com vencimentos de atletas e funcionários, valores esses que estão em atraso - parte do mês de setembro e o salário relativo a outubro.

Além disso, há uma pressão entre os conselheiros do clube para que o conselho fiscal apresente o relatório final sobre as transações e movimentações financeiras que foram feitas ainda na época de Itair Machado, antigo vice-presidente de futebol. O time ainda milita com ações que tramitam na Fifa e em outras esferas judiciais. 

Na sua volta ao Cruzeiro, Perrella deixou claro a sua política: a venda de atletas será fundamental para equacionar parte da situação financeira delicada que o time atravessa. A promessa será de um 2020 de contenção de gastos e apostas, além da tentativa de enxugar a folha salarial dos 'emprestados', como o zagueiro Manoel, dono de um alto salário e que não está nos planos do Corinthians, mas possui vínculo com a Raposa até 2020. 

"O problema maior do Cruzeiro é o financeiro. Tenho de reconhecer que o Wagner pegou o Cruzeiro em situação de calamidade financeira. E deu no que deu”, disse Zezé ainda na sua coletiva de apresentação na Toca. 

"Meu jeito de trabalhar era diferente da diretoria que me sucedeu. Vendia jogadores, era acusado de mercantilista, mas fazia isso porque sabia se não pagasse em dia, você não receberia nada”, acrescentou. 

Quase que em sua totalidade, o elenco atual do Cruzeiro possui vínculos longos. A tendência é que a intertemporada seja de despedidas e contenção de gastos, inclusive na base, algo que Perrella já adiantou que planeja modificar para diminuir os custos nos cofres celestes.

Enquanto isso, sem receita, o clube segue fazendo malabarismo para chegar ao fim do ano honrando com seus compromissos com atletas e funcionários, além de mostrar interesse quanto a sequência de atletas importantes, como o colombiano Orejuela e o atacante Pedro Rocha, emprestados por Ajax-HOL e Spartak Moscou-RUS, respectivamente. A batalha pela Série A é ainda mais fundamental para toda a sequência do planejamento. Em praticamente um ano, o time completará 100 anos e as finanças podem estar comprometidas até lá. 

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