Libertadores

Saudosismo e nostalgia: destinos que voltam a se cruzar no Mineirão

Raposa faz sua estreia em casa contra venezuelanos, rivais em primeira disputa no torneio

Por Josias Pereira
Publicado em 27 de março de 2019 | 08:00
 
 
Mano fez mistério e fechou o último treino do Cruzeiro antes da estreia em casa pela Libertadores Ramon Bitencourt - 11.3.2019

Quando o Cruzeiro entrar em campo nesta quarta-feira (27), às 21h30, no Mineirão, pela segunda rodada do grupo B da Copa Libertadores, a partida contra o Deportivo Lara significará o 15º encontro do time celeste frente a rivais venezuelanos na história do torneio continental. Nos 14 encontros egressos, 12 vitórias na conta e dois empates. Agora será a vez do Lara, sexto time venezuelano, a cruzar o caminho da Raposa.

Foi justamente contra um time do país vizinho que a Raposa fez sua primeira partida na Libertadores, uma vitória sobre o extinto Deportivo Galícia por 1 a 0, em 1967, em Caracas, gol marcado por Evaldo após desvio de Procópio. Época em que o futebol venezuelano vivia uma era dourada dos times das colônias, com o Galícia representando a comunidade espanhola.

Naquele mesmo ano, a Raposa ainda pegou a Portuguesa, outro dos times de colônias da Venezuela.

Cinquenta e dois anos depois, a disparidade se mantém. Apenas duas equipes da Venezuela conseguiram pontuar sobre a Raposa na Libertadores: o Caracas, ao arrancar um empate por 1 a 1, em 2008; e o Deportivo Itália, que segurou o 2 a 2, na Copa Libertadores de 2010.

O Lara busca então uma proeza e é o representante de um novo período do futebol venezuelano, aquele que se confunde com a grave crise humanitária que assola o país e inclusive prejudicou a realização do primeiro jogo entre as equipes, marcado inicialmente para o dia 13 deste mês.

Um momento que fez Edílson, jogador que envolveu-se em uma grande polêmica com o meia Otero e a própria Venezuela no ano passado, após a final do Mineiro, mas que desculpou-se reconhecendo a fala imprópria, chorar ao comentar a situação do país vizinho. “Eu tenho filho, família, e a gente vê a situação muito difícil que eles vivem. Que eles (venezuelanos) possam encontrar força”, apontou o lateral.

“Vim de uma família muito humilde, meu pai faleceu eu tinha sete anos, e minha mãe fez tudo para que eu não pudesse passar fome, não faltasse nada em casa. Vendo as histórias, os relatos na Venezuela, que eles não têm água, não têm o próprio alimento. Nosso país, nosso futebol é tão grande, gigante, que a gente pode ajudar em uma causa tão grande e tão nobre”, concluiu o jogador.