Bastidores celestes

Sérgio Rodrigues reforça pedido por eleição no Cruzeiro e defende candidatura

Resposta veio após comunicado do conselho gestor da Raposa destacando que não permaneceria mais no clube caso eleição de maio aconteça

Por Josias Pereira
Publicado em 28 de março de 2020 | 13:32
 
 
Cristiane Mattos/O Tempo

Sérgio Rodrigues, que pleiteia a presidência do Cruzeiro, manteve o posicionamento favorável à eleição de maio no clube e defendeu a validade de sua candidatura. Ao Super.FC, ele ressaltou que seu nome já havia sido apontado pelo grupo Pró-Cruzeiro transparente, que também teve papel importante na mudança da diretoria celeste após o ano turbulento, antes da decisão do conselho gestor de lançar Emilio Brandi como candidato. Sérgio ainda destaca que membros do conselho gestor estavam na reunião que o estabeleceu como candidato. 

"O próprio conselho gestor afirmou na reunão que nós fizemos e que eu quero reforçar é que não fui eu que fiz candidatura. A eleição foi marcada legitimamente, eu fui lançado pelo grupo Transparência, o grupo que mais batlhou para que tudo acontecesse, inclusive eu disse isso lá para o conselho gestor, que eles só estão lá pelo trabalho muito forte desse grupo, que foi muito assíduo, do qual eu faço parte e ajudei a contribuir. Eu já era candidato lançado por 70, 80 conselheiros. Quem lançou candidatura contra foi o conselho gestor ao se sentar em uma sala com sete pessoas e resolver que eles teriam candidato sem conversar com um grupo", afirma Sérgio Rodrigues. 

O posicionamento do candidato vem após uma nota do conselho gestor que afirma ser contrário à eleição de maio. O grupo que administra o Cruzeiro atualmente declara ainda no comunicado que caso o pleito aconteça sairá das posições que ocupam no dia 31 de maio, voltando a ser apenas torcedores. 

"O nosso grupo, quando resolveu lançar minha canditatura, possuía membros do conselho gestor nessa reunião. E aí eles vão para uma reunião com sete pessoas e lançam a candiatura do Emílio. A gente tentou algumas composições. Eu inclusive falei que se eleito fosse gostaria que eles continuassem trabalhando nas respectivas áreas para continuar ajudando. Acho que quem quer ajudar genuinamente o Cruzeiro vai auxiliar dessa forma, cada um dentro da sua possiibilidade", ressaltou o candidato. 

Sérgio salientou que vem buscando neste período fazer o que um candidato necessita: apresentar planos e propostas para desenvolver o clube. 

"Parece, da forma que é dito à torcida, que eu estou querendo disputar, eu isso, eu aquilo, não sou eu. Eu fui lançado por um grupo de pessoas que acham que eu devo manter essa candidatura. Como em toda eleição faz parte você ligar para os conselheiros, me causa até surpresa dizer que não vão pedir voto, não tem tempo para isso. Acho que qualquer pessoa que se candidatar a alguma coisa tem que apresentar suas propostas. Já apresentei propostas na área de inovação, categoria de base, departamento médico, dentre outras coisas que foram apoiadas por esse grupo. Não fui eu que marquei essa eleição, ela é uma coisa estatutária; segundo, eu era o candidato e quem lançou candidatura contra nossa, já suportada por um grupo grande, foi o conselho gestor. É importante deixar isso claro", explicou. 

ELEIÇÕES VIRTUAIS 

Ao Super.FC, na noite dessa sexta-feira, José Dalai Rocha, presidente em exercício do Cruzeiro, afirmou que buscou métodos para realizar as eleições no clube de forma remota, algo que foi sugerido por Sérgio Rodrigues tendo em vista o que vem sendo adotado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais em tempos de pandemia de coronavírus. Dalai, no entranto, destacou que estaturiamente o voto deveria ser presencial. Sérgio Rodrigues atentou para a necessidade de uma modernização do estatuto inclusive neste sentido. 

"A gente sempre fala que o nosso estatuto precisa ser modernizado. E, no momento atual da pandemia, eu sou a favor de que seja obedecido o que os órgãos de saúde determinam. Então se o órgão de saúde determinar que o isolamento siga em maio devemos acatar. Ele (Dalai) usou até uma expressão nossa, do meio jurídico, quando marcou a eleição para maio, depois do que prevê o estatuto, que nesse momento todas as jurisprudências o defenderiam. Então creio que no momento é a mesma coisa. O mais importante para o Cruzeiro é ter eleição. A gente não pode abrir precedente ruim. Imagina se você tem um presidente com mandato em curso, acontece uma pandemia e o mandato dele fica prorrogado até que uma eleição aconteça. Acho que a conquista mais importante que nós, brasileiros, tivemos nas últimas décadas foi o direito a voto. A gente poder escolher o que queremos. Se existe um meio seguro hoje de se fazer, moderno, que só não está previsto no estatuto porque ele é defesado, acho besteira dizer que não pode ser feito até porque você pode submeter isso ao conselho na mesma eleição. 'Conselho, vocês topam fazer uma eleição virtual?'. Eu tenho certeza que vai ser praticamente unânime porque todos querem ter seu direito a voto", disse o candidato.

"Pode até se fazer um paralelo. Acredito que a Assembleia Legislativa de Minas sempre exigiu votações presenciais, em uma situação de exceção agora, o presidente apresentou uma maneira de que as votações fossem virtuais. Acabamos de ver esse exemplo no congresso nacional. Então, enfim, acho que nessa situação de exceção é mais justificável que isso ocorra. Os próprios órgãos politicos que são mais tradicionais, que obedecem mais ao ritos, estão buscando forma de realizar suas deliberações e votações de alguma forma que possa atender o anseio. Tenho certeza que no Cruzeiro seria o mesmo. É muito mais importante ter eleição do que ter uma justificativa para falar que vamos esperar ter uma eleição presencial", completou Sérgio. 

No estatuto do Cruzeiro há uma determinação sobre o voto, sendo ele 'secreto, pessoal e intransferível manifestado através de sistema eletrônico de votação, ou através de cédula', o que poderia abrir possibilidade para uma eleição remota como apresenta Sérgio Rodrigues.