Uma vida em azul: dona Salomé respirava Cruzeiro

O portão da casa de cor azul esconde timidamente a bandeira do Brasil com escudo do Cruzeiro ao centro estendida já na varanda do imóvel. No bairro Santa Cruz, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, amigos sentados nas mesas de uma mercearia de frente para a casa da torcedora-símbolo do Cruzeiro, Maria Salomé Silva, 86, que morreu na madrugada desta terça-feira (10), conversam sobre as boas lembranças que ela deixou.  

Segundo os amigos, dona Salomé nunca foi vista na rua sem alguma blusa do time do coração. O cachorrinho dela também usava roupas do time, quando saia para passear com a dona. “Ela vivia Cruzeiro, dormia Cruzeiro e era Cruzeiro até hoje”, explicou o cabeleireiro Ozires Alves Passos, que era amigo da dona Salomé há oito anos.

A torcedora fanática não faltava aos jogos e mesmo com a idade avançada, fazia questão viajar para ver o Cruzeiro jogar. Gostava de todos os jogadores, mas tinha uma paixão especial pelo goleiro Fábio.”É porque ele era legal com ela. Abria o portão pra ela entrar quando quizesse, ia no vestiário, era aquela alegria total”, disse Passo.

Vizinhos contam que ela tinha uma grande coleção de camisas do Cruzeiro, que não mostrava a ninguém, com medo de que fossem roubadas dela. No último domingo ela passou mal durante o jogo do Cruzeiro contra o Palmeiras, no mineirão, que decretou o rebaixamento do time para a série B. Amigos acreditam que ela não resistiu ao ver o time naquela situação.

“Não sou médico para dizer isso, mas com certeza. Ela era apaixonada pelo Cruzeiro. Ela se sentiu mal em ver o rebaixamento do time. Pra mim ela infartou por isso”, afirmou o analista de qualidade e amigo da família de dona Salomé, Jonas Carvalho, 46.

O corpo de dona Salomé vai ser velado nesta quarta-feira no Ginásio Poliesportivo do Riacho - Ginásio do Sada Cruzeiro, em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte. O sepultamento está previsto para as 16h, no Cemitério Belo Vale, em Santa Luzia.