Lamento

'Ver meu pai de 70 anos chorando doeu muito', afirma cruzeirense após queda

Após o rebaixamento do Cruzeiro, neste domingo (8), o torcedor, Rodrigo Papini, fez questão de ir trabalhar vestido como o uniforme do time em apoio

Por Franco Malheiro
Publicado em 09 de dezembro de 2019 | 16:50
 
 
O torcedor não esconde a paixão pelo clube que carrega tatuado no peito Franco Malheiro

Entre um gole e outro de um café, na manhã desta segunda-feira (9), em uma padaria, no bairro Santo Agostinho, região Centro Sul da capital, o empresário e cruzeirense, Rodrigo Papini, de 33 anos, trajando uma camisa celeste, ainda tenta digerir aquilo que ele mesmo definiu como “o pior momento que viveu como torcedor”. Ele não esconde o choro e a decepção em ver seu time de coração, Cruzeiro, rebaixado, pela primeira vez na história, para série B do Campeonato Brasileiro. 

"Eu aprendi a torcer pelo Cruzeiro com meu pai, e ontem (domingo, 8), ter que olhar pra ele, um senhor de 70 anos, de cabeça baixa, chorando, foi muito difícil, doeu demais. Foi como se apagasse todas as glórias que eu eu vi o Cruzeiro conquistar", desabafou, enquanto enxugava as lágrimas. "Nunca, em toda minha vida, eu imaginei que viveria isso, está sendo muito difícil!" 

Papini conta que desde muito novo entrava em campo ao lado dos jogadores nas partidas disputadas pelo clube e garante que sempre esteve ao lado do time, e que agora, no pior momento da história do Cruzeiro, ele não iria o abandonar. Por isso, mesmo no primeiro dia após a queda do time, ele não pensou duas vezes em sair para rua vestido com o uniforme do time. 

"A gente não abandona um filho ou uma esposa por erros cometidos. Sempre falo, quem ama vai ta junto sempre, apoiando e ajudando a sair do buraco! Você pode ter certeza que a torcida do Cruzeiro vai tá lá, apoiando, e empurrando o time seja onde estiver", ressalta.

Questionado sobre os erros do clube ao longo do ano, que culminaram no rebaixamento, neste domingo (8), e o que ele apontaria como a principal causa do rebaixamento ele afirma:

"É difícil apontar apenas um culpado.Começou antes deste ano, com tudo que hoje já sabemos: contratos milionários e mal feitos, diretoria ineficiente uma péssima gestão do  Gilvam. Esses contratos nos deram glórias, títulos, mas agora pagamos o preço amargo deles" lamenta o torcedor.

Confiança

No entanto, mesmo com o baque, o empresário se mostra confiante na retomada do time à elite do futebol brasileiro e aponta o que ele acredita ser o caminho para isso. 

"Precisa agora é rever esses contratos, acertar as contas do clube e montar um time mais pé no chão, com jogadores da base e com jogadores que vão vestir a camisa, que vão aceitar ganhar menos como é o caso do Fábio, do Henrique, do Léo, esses a gente apoia, a torcida sabe quem é Cruzeirense mesmo, eu caí foi junto com esses jogadores e vou apoiá-los", ressalta. 

Papini evita culpabilizar jogadores pelo ocorrido, mas destaca a decepção que sente pelo meia Thiago Neves que, nos momentos finais da temporada, protagonizou polêmicas, como ser flagrado em uma festa na véspera de um jogo decisivo do time, contra o Vasco, na anti-penúltima rodada do campeonato. 

"O que levou o Cruzeiro para essa situação foi um conjunto de fatores e não podemos colocar toda culpa nas costas do elenco, mas quanto ao Thiago Neves eu tenho vontade de entregar as duas Copas do Brasil que ele ajudou a gente conquistar para não ter que viver isso que estou vivendo. O Thiago apagou tudo o que ele fez pelo Clube, não consigo mais olhar pra ele com a mesma admiração e gratidão que eu tinha por ele. Ele foi extremamente babaca, canalha e cravou uma faca no peito do torcedor, pois é assim que estamos no sentindo hoje, com uma faca cravada no peito!", exclama o torcedor com os olhos cheios de lágrimas.
 
Bastante emocionado, ele aproveita para convocar toda a torcida para apoiar o clube e ainda reafirma seu compromisso com o time de coração. 

"Cruzeiro ta na minha pele e como falei não vou abandonar e a torcida te garanto que também não vai. Ano que vem vamos disputar série B então é lá que vamos torcer para o Cruzeiro ser campeão, indo aos jogos, apoiando o clube. O Cruzeiro é muito maior que as pessoas que o administram, vamos voltar dessa ainda mais fortes”, exclama o torcedor, batendo no escudo do time que tem tatuado no peito.