Coronavírus

Volta equivocada? Médico do Cruzeiro rebate: 'o risco não é no clube, mas fora'

Para Sérgio Campolina, a subnotificação é uma realidade e clube vem fazendo o que deveria ser feito na sociedade

Cruzeiro teve três casos de Covid detectados | Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Josias Pereira| @josiaspereira
05/06/20 - 15h29

Com o anúncio de três jogadores do Cruzeiro detectados com a Covid-19, o atacante Vinícius Popó, o meia Jean e, por último, o zagueiro Léo, muitos questionamentos foram levantados na quinta-feira sobre a real necessidade da retomada dos treinos dos clubes de futebol sem a definição da retomada dos campeonatos. Entretanto, em entrevista ao Super.FC, Sérgio Campolina, médico do Cruzeiro, ressaltou a importância desse processo e defendeu os protocolos que vêm sendo utilizados.

"Estamos ajudando a sociedade, estamos fazendo o que a sociedade tinha que fazer. O foco não é o clube. Estamos fazendo o que todas a empresas deveriam fazer. O Cruzeiro vem fazendo testagem em massa de todos os funcionários e retirando os contaminados de circulação justamente para não propagar o vírus. As medidas de segurança são extremamente rigorosas. Lá não é o foco. Somos talvez um dos locais que mais testam em Belo Horizonte. Vou à Toca praticamente todos os dias para acompanhar esse processo", destaca o médico celeste. 

Para Campolina, ter os jogadores de volta às dependências do centro de treinamento e monitorados quanto ao protocolo a ser seguido é fundamental para evitar formas de contaminação em outros ambientes. 

"Quanto mais tempo demorar para os clubes fazerem exames, nós vamos ter mais casos. Quanto mais tempo a pessoa for exposta à sociedade, mais casos vão ser registrados. Isso é lógico, A subnotificação de casos no nosso país é uma realidade. O desconhecimento é mais perigoso do que o conhecimento mau usado", salienta o doutor. "Um treinador segue fazendo treinamentos em casa, ou vai à uma praça, um parque, lá encontra várias pessoas que querem tirar uma foto, cumprimentá-lo. Com esses atletas aqui dentro, temos como prevenir isso e ter um controle maior. O certo para saber a realidade é essa. Testar em massa e sistematicamente como estamos fazendo. O risco não é no clube, mas é fora", acrescenta Campolina. 

Ele descarta ainda o que vem sendo falado sobre a possibilidade dos jogadores detectados com a Covid-19 contaminarem outros do elenco. 

"Ouvi pessoas falando que o Popó passou para o Jean. O Jean era de um grupo e o Popó do outro. O Léo é zagueiro e não encontrava com o Popó atacante. A gente faz uma divisão aqui de hierarquia, de posições. E vale ressaltar que o ambiente que temos proporcionado aos jogadores aqui dentro é de extremo cuidado, mas sempre vai da responsabilidade que cada um deve ter. Preservar-se contra o vírus", pontua.  

 

Concentração absoluta? 

Chegou a ser discutido nos últimos dias que uma das alternativas para conter o contágio do coronavírus entre os atletas propondo a concentração de quem não infectado pela Covid. Para Campolina, a medida é válida apenas quando se definir uma data para o retorno do futebol. 

"A concentração só vale se tiver uma data para o campenato começar. Aí sim, vamos fazer a concentração e a imunização de rebanho. Se tiver uma data, sou favorável. Mas sem uma data, como vamos manter os jogadores aqui por uma semana e depois liberar no fim de semana? O problema é fora. Você tem que ter uma meta para propor uma medida assim", ressalta Sérgio Campolina. 

Treinos coletivos 

Ainda segundo o médico do Cruzeiro, o clube passará por uma nova bateria de exames para poder liberar atividades de contato. O processo pode durar mais uma semana. Por enquanto, os treinamentos seguirãoas recomendações atuais. 

"Estão discutindo sobre voltar antes, se terá alguma vantagem, mas o nível de treino é muito diferente. Não se aproxima às situações de jogo. É mais uma forma de termos esse controle físico dos atletas consoco. E´aquilo, tudo consciência, o jogador fazendo seu trabalho no clube e mantendo sua responsabilidade como cidadão fora dele, Creio que vamos ter mais uma semana assim, mais uma bateria de testes para depois ter esses treinos coletivos", finalizou Campolina. 

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