Pedal ganhando adeptos

Aumento do número de ciclistas faz grupo revitalizar trilhas perto de BH

Locais recebem cuidados especiais com apoio de empresas da região; cartilha de especialistas dá dicas para iniciantes

Por Daniel Ottoni
Publicado em 01 de setembro de 2020 | 07:00
 
 
Região perto da capital mineira conta com diversas trilhas para atender grande demanda de praticantes Arquivo pessoal

A busca por atividades físicas e formas de deslocamento que sejam seguras, durante a pandemia do coronavírus, fez o número de ciclistas aumentar consideravelmente, assim com o número de vendas de bicicletas. Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bikes), mostrou que em julho houve um aumento de 118% nas vendas de bicicletas no Brasil, em comparação com o mesmo período do ano passado. ​Em Minas Gerais, o potencial para explorar a modalidade como hobbie e esporte é grande, com extenso número de trilhas na região metropolitana de Belo Horizonte. 

“Existe uma forte cultura de bike instalada nessa região, e temos observado um aumento expressivo no número de clientes, principalmente de novos entrantes, buscando mountain-bikes e outros modelos para usufruir das belezas naturais e trilhas por ali. Queremos estar ainda mais próximos e contribuir com esse movimento de ocupação das montanhas de Minas sobre duas rodas”, destaca  Marlen Ferreira, líder de mountain-bike marketing da marca Sense, uma das referências do mercado.

Ciente do número de opções de trilhas que existem em cidades como Nova Lima, Brumadinho, Rio Acima, Raposos, entre outros municípios, duas iniciativas se destacam para “receber bem” todos os presentes. A primeira é a revitalização de trilhas, encabeçada pelo Projeto Trilhas, idealizado em 2013 por Fred Lanna e Christian Wagner.

O grupo, que participou ativamente do tombamento de 380 km de trilhas em Nova Lima em 2016, traz um novo olhar, revitalizando alguns dos traçados e alertando sobre as boas práticas do esporte. Entre junho e julho, o projeto realizou trabalho de revitalização, manutenção e sinalização de duas importantes trilhas próximas da lagoa dos Ingleses – trilha Milkshake e trilha Jack Daniel’s.

“A ideia foi melhorar o fluxo e qualidade das trilhas. Essa manutenção é fundamental para amenizar os desgastes causados pelo uso, que cria caminhos que podem acumular água, principalmente em áreas com menor capacidade de drenagem, gerando erosões no solo, o que pode acabar destruindo e causando problemas maiores nessas trilhas”, ressalta Christian Wagner.

A iniciativa busca cuidar de locais com grande potencial de uso por muitos anos, que ganham qualidade se forem bem preservados pelo usuários. “Temos poucos exemplos no mundo de trilhas que conectam tantos municípios e distritos e que são amplamente utilizadas, como vemos aqui. Essa rede é muito única e especial para nós e um motivo ainda maior para lutarmos por essa conservação. Somos a capital nacional do mountain-bike”, destaca Christian. 

“Belo Horizonte e Nova Lima são o maior polo de mountain-bike, com a maior concentração de mountain-bikers do Brasil. Comercializamos dez vezes mais bikes para Minas Gerais do que para São Paulo, por exemplo”, comemora  o gestor de franquias da Sense, Wenio Nogueira.

Novatos sempre bem-vindos

A outra iniciativa foi a criação de uma cartilha que ganhou o nome de “Adote um iniciante”, por iniciativa do grupo Peloton BH, do projeto Trilhas, com apoio de empresas da CSul Desenvolvimento Urbano e da loja Giga Bike. O documento traz cinco importantes dicas de segurança para quem quer se aventurar sobre duas rodas: uso do capacete, equipamentos de segurança fundamentais, planejamento do pedal, check-up da bike e segurança em primeiro lugar. 

“Queremos seguir incentivando a prática do esporte de forma consciente e segura. Tendo em vista o crescimento do esporte e da busca pela região durante a pandemia, percebemos que há muitos novatos ingressando na modalidade e, por isso, começamos uma campanha de conscientização sobre o mountain-bike, a utilização dos equipamentos e a importância da segurança desde o momento em que o ciclista sai de casa. É fundamental entender que não se trata de um ambiente com riscos controlados, como em parques de diversões, a segurança é responsabilidade de cada um”, comenta Lanna.