Cristiano Dresch

Cuiabá: vice-presidente explica o clube como empresa e relação com Copa do Mundo

Time é o próximo adversário do Atlético na Série A

Cristiano Dresch está à frente do time ao lado do irmão | Foto: Ascom Dourado / divulgação
Gabriel Moraes| @gabrieumoraes
22/10/21 - 14h33

Prestes a completar apenas 20 anos, um dos caçulas no Brasil e estreante na Série A do Campeonato Brasileiro, o Cuiabá, próximo adversário do Atlético, tem um exemplo de gestão que é almejado por muitos times: seu funcionamento como empresa. Em entrevista nesta sexta-feira (22) ao Super.FC 1ª Edição, da rádio Super, o vice-presidente Cristiano Dresch explicou um pouco sobre sua história e funcionamento.

"Desde que o Gaúcho fundou ele, lá em 2001, ele já foi aberto como empresa. Isso no final da década de 90, com a alteração da Lei Pelé, que deu a opção dos clubes de futebol serem empresas. Ele já foi criado nesse modelo. O Gaúcho era um pessoa que tinha um timbre empresarial muito grande", disse. Gaúcho, a quem ele se refere, é o ex-jogador que atuava como atacante e passou por times como Palmeiras, Flamengo e o próprio Galo – ele morreu em 2016 vítima de câncer.

A empresa da família de Dresch, que é do ramo de produtos utilizados na recapagem de pneus, patrocinou o time entre 2003 e 2005. Depois, ele, seu irmão, Alessandro Dresch, que atualmente é o presidente, seu pai, Manuel Dresch, e seu tio, Aron Dresch, resolveram largar o esporte. Mas tudo mudou em 2009, com a escolha das sedes para a Copa do Mundo de 2014.

"A gente não tinha mais planos de patrocinar um clube ou de investir no futebol como antes. Quando Cuiabá (cidade) foi confirmada como sede da Copa de 2014, em abril de 2009, em disputa com Campo Grande, a gente viu a oportunidade de voltar com o Cuiabá. O clube estava parado, mas sem nenhuma dívida. Aí meio pai teve a ideia de comprar o clube", afirmou.

Desde então, com os investimentos do pai e do tio e a gestão dos irmão, o Cuiabá é como se fosse uma empresa familiar. Segundo Cristiano, como o time não tem uma grande lista de conselheiros e muitas pessoas que tomam decisões, fica mais fácil a gestão. Além disso, sua relação é direta com o futebol, tornando os processos menos burocráticos.

"Somos uma família de empresários. Nesse ambiente, temos uma facilidade para tratar dos negócios. Mas nos últimos anos nunca foi fácil ser um clube-empresa por causa da alta carga tributária. Com a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), vai diminuir bastante esses tributos e facilitar esse modelo", explica.

Ele também se gaba pelos salários sempre pagos em dia, o que é um diferencial e importante para chamar atenção em um Estado que não é tradicional no futebol. "A folha sempre foi paga em dia. Para você exigir algo de alguém, tem que pelo menos pagar o salário. Isso também é importante para convencer jogadores de alto nível para vir para um clube do Mato Grosso. Precisamos de alguns diferenciais. Essa questão de receber em dia, os atletas levam muito em consideração", afirmou o vice-presidente.

Dresch também comentou que uma boa gestão e conhecimento do esporte são indispensáveis para um presidente. "Eu vejo muitos presidentes de clube que não têm um conhecimento específico do próprio futebol. Acho que, em uma posição de ser o número um de um clube, ele precisa entender razoavelmente de futebol. Têm muitos que são torcedores. Não estou falando também que a gente entende; estamos começando e aprendendo muita coisa", pondera.

Sobre a disputa com clubes de peso que recebem investimentos milionários, como Flamengo, Palmeiras e o Atlético, ele disse que não é só o dinheiro que faz o sucesso. "Não é só o investimento. São camisas pesadas e instituições centenárias que um caçula como o Cuiabá está enfrentando. Somos um clube que ainda vai fazer 20 anos em dezembro", confessa.

O Cuiabá ocupa a 9ª posição, na zona de classificação para a Copa Sul-Americana. Sobre o jogo de domingo (24), às 16h, no Mineirão, o empresário relata que o Galo é favorito, mas não há nada ganho. "O jogo de domingo vai ser dificílimo. O Atlético precisa dos pontos para se manter na liderança, mas a gente também precisa, para ir somando e chegar cada vez mais próximo da nossa meta que é a permanência", conclui.

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