Gravidade dos incidentes no vôlei feminino forçou troca imediata do piso da CBV

Depois de incidente no Montes Claros América, que viu o oposto Kerber se lesionar por causa do novo piso da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o equipamento já acumula novas vítimas. O central Pietro, do Sada Cruzeiro, teve lesão no joelho durante treinamento no ginásio do Riacho, em Contagem, em preparação para o jogo contra o Apan Eleva Blumenau (SC) na última semana. Além disso, no mesmo treino, o levantador Fernando Cachopa ficou 'preso' no chão na tentativa de peixinho, situação similar a de Kerber. 

O novo piso da CBV, que foi trocado sem consulta a clubes e atletas, vem despertando polêmica após seguidas reclamações de vários envolvidos, além de torcedores. A mudança se deu para fortalecer a marca do Banco do Brasil, principal patrocinador da CBV, que tem suas cores estampadas na quadra. As cores receberam críticas por 'forçarem' a vista e não permitir fácil identificação de bolas dentro e fora.. 

Apesar dos ocorridos com times masculinos, no feminino a situação foi mais grave, gerando postagem nas redes sociais da ponta Jaqueline, que se feriu durante queda em treinamento. O piso já havia provocado uma série de escorregões e quedas de jogadoras durante o Super Vôlei, em Saquarema (RJ), em jogos com piso que sofreu ainda mais com a umidade pela proximidade do mar. A dificuldade de se localizar os pontos úmidos é uma das críticas constantes do novo equipamento. 

Nas últimas semanas, CBV e clubes se reuniram para debater a questão. Os times femininos decidiram pela troca imediata. Já no masculino, foi decidido que vai acontecer uma espera até o final do ano, antes de nova avaliação. 

"Até agora, os jogos do feminino tiveram mais problemas. No masculino, todos os clubes tiveram pequenos incidentes. Por isso os naipes decidiram de forma diferente sobre os pisos", comenta Flávio Pereira, diretor esportivo do Sada Cruzeiro.

Os imprevistos no treinamento fizeram com que Flávio fizesse contato direto com Renato D´Avila, superintendente da CBV. 

"Liguei para ele explicando sobre as dificuldades da gente manter o piso e os riscos que os mesmos representam aos atletas. Ele me informou que a CBV está cuidando de recolher os pisos do feminino.

A empresa responsável ainda não fez nenhuma intervenção para melhorá-los. Estamos atentos, adotando medidas paliativas e buscando uma melhor solução. A saúde dos atletas não pode ser ignorada, vamos trabalhar pela troca. O piso antigo deve voltar somente quando tivermos garantia da sua segurança e qualidade", alerta Pereira. 

No feminino, por sete votos a quatro (uma equipe não votou), ficou decidido pela mudança de piso, que já começou a acontecer nos últimos jogos. No masculino, prevaleceu a proposta do Vôlei Renata (SP) em esperar a parada do final de ano para retirar e, desta forma, manter o padrão atual.

"Por mais louvável que seja a iniciativa da CBV em comprar 24 pisos para atender todos os times da Superliga e uniformizar a arena de jogo, ao longo da competição, percebemos vários problemas. Os principais são: o piso é menos macio que o padrão Taraflex e, em sua maioria, é muito aderente. Isso 'segura' os atletas em seus deslocamentos e pode provocar lesões. O atleta pode ficar 'preso' durante salto ou deslocamento, com risco de lesões graves de rupturas em tornozelos e joelhos. Sabemos que há relatos de alguns pisos bons. Ou seja, o problema é que não houve um padrão de qualidade nem de testes adequados antes de colocá-los para jogar", completa Pereira. 
 

Video que mostra algumas das jogadoras escorregando e em tempo de ocasionar uma lesão grave. Não é nem 1/3 dos escorregões que tiveram durante os jogos. O absurdo que é a @volei manter esse novo piso #TrocaOPisoCBV pic.twitter.com/RFOJ3tKNtF