Primeira experiência em um time adulto

Negrão, novo técnico do Sesi: 'vejo o Marcelo de 17 anos em cada um deles'

Ex-jogador reforça oportunidade única para o grupo de jovens que estará sob seu comando; todos os integrantes são seus conhecidos desde a base do time paulista

Por Daniel Ottoni
Publicado em 25 de junho de 2020 | 18:32
 
 
Técnico fez questão de passar por times de base antes de assumir equipe adulta Divulgação - Sesi

Aos 48 anos, o campeão olímpico Marcelo Negrão, medalha de ouro nos Jogos de Barcelona em 1992, sabia que todo seu sucesso dentro das quadras seria insuficiente para seu futuro como treinador de um time adulto, logo de cara. Foi com esta certeza que o ex-oposto fez questão de subir degrau por degrau.

Seu início no time do Sesi (SP) aconteceu na categoria mirim, antes de ir conquistando novas etapas até a maior realização na função, que vai se concretizar na temporada 2020/2021. Será dele a responsabilidade de ser técnico do time adulto de uma das equipes de maior tradição no cenário nacional. 

"Sempre tive o conceito de conhecer bem o esporte em que atuo. Não foi porque tive um ouro olímpico e joguei na seleção que já estaria preparado para ser técnico. No mirim, comecei a implantar o meu sistema de treino, minha forma de dirigir as equipes, sempre tendo como referência os trabalhos que tive com técnicos na Itália e também no Brasil como José Roberto Guimarães, Bernardinho e Bebeto de Freitas. Preferi colocar meu método e ver como me sairia antes de assumir, de cara, um time adulto. Foi melhor desta forma para ganhar experiência", conta. 

Ao contrário dos últimos anos, o time paulistano não terá o mesmo orçamento nem peças conhecidas do grande público. Negrão terá, sob seu comando, um grupo de atletas muito jovens, com exceção do líbero Murilo, único remanescente da última temporada. A média de idade será de 20 anos. Todas as promessas já trabalharam com Negrão nas categorias de base, facilitando seu trabalho, agora em novo nível de exigência. 

"Conheço o time inteiro, a grande maioria jogou comigo no infanto-juvenil quando fomos campeões paulistas e também no juvenil, quando conquistamos a Taça Paraná. Trabalho com eles há muitos anos, os vi crescendo e já temos um entrosamento. Me coloco muito no lugar deles, lembro de quando comecei como profissional. Vejo o Marcelo de 17 anos em cada um deles. Quando virei jogador de um time adulto, eu tinha 15 anos, saltava muito, batia bem na bola e o técnico Josenildo de Carvalho não quis nem saber, me colocou pra jogar", lembra.

A presença de Murilo, com 39 anos e títulos pela seleção, será fundamental para os garotos se espelharem e terem o defensor como referência para buscar vôos mais altos na carreira. "Será a chance deles conviverem com um ídolo, verem como ele reage depois das partidas, como ele se comporta com o grupo, é um peso grande. O Montanaro foi essa referência pra mim quando comecei, será um momento mágico para eles. Agora chegou minha hora de também ajudar a passar conhecimento e motivação para eles fazerem um bom campeonato", indica Negrão.  

Pandemia antecipou hora ideal de assumir time adulto

Negrão já vinha se preparando para o atual momento, que acabou tendo um empurrão da pandemia do coronavírus. "Os diretores sempre conversavam comigo sobre esta oportunidade, que ela chegaria. Eles me ajudaram muito, investindo em mim com os cursos de treinadores da CBV. Acredito que levaria um pouco mais de tempo antes de assumir um time adulto, mas isso aconteceu mais rápido do que esperava por esta situação", relata. 

Para ele, é preciso que o elenco tenha a noção da oportunidade única que aparece na carreira, que está só começando. "Eles terão a chance de mostrar seu talento para o Brasil e também para o mundo, tenho certeza que vão agarrar a chance com unhas e dentes. Acredito muito na condição que possuem, o Sesi está dando todo o suporte para eles mostrarem o seu melhor e surpreenderem", garante o treinador. 

Apesar da tradição, a briga pode não ser no mesmo lugar da tabela na próxima temporada, o que não tira a busca pelos lugares mais altos. "Vamos dar nosso melhor, será a primeira competição deles no adulto, com ginásio lotado, enfrentando equipes como Sada Cruzeiro e Taubaté. A ideia é tirar o melhor deles, buscar a posição mais alta possível, é pra isso que vamos trabalhar", sintetiza. 

Perguntado sobre um dos grandes destaques do time, Negrão indicou o oposto Darlan, irmão de Alan, do Sada Cruzeiro. "Ele não é mais juvenil, já esteve no time adulto na última temporada. O time, de uma forma geral, tem boa personalidade e consciência de jogo. Eles prometem, muitos já passaram pelas seleções de base e individualmente são bons jogadores", afirma o treinador.