Injúria racial

Wallace critica lei e defende punição mais severa a quem comete racismo

Vítima de ofensas em 2012, ex-atleta do Sada Cruzeiro diz que esse tipo de crime deveria ser inafiançável

Daniel Ottoni| @SuperFCoficial
14/11/19 - 06h00

O mais recente caso de injúria racial no futebol, ocorrido nas arquibancadas do Mineirão no último domingo, no clássico entre Cruzeiro e Atlético, trouxe à tona um crime que precisa ser exemplarmente punido. Quem já sofreu na pele sabe o quanto um ato desse pode ser devastador na vida de um ser humano.

Assim como o segurança Fábio Coutinho, agredido por torcedores no estádio, o oposto Wallace, ex-jogador do Sada Cruzeiro e hoje atleta do Sesc-RJ, já foi chamado de “macaco” em quadra, durante um jogo. Pela lei brasileira, o crime de injúria racial é passível de um a três anos de prisão, além de multa a ser estipulada. Porém, o acusado pode pagar fiança, e cabe suspensão condicional do processo.

Wallace defende punição mais severa aos agressores. “A punição mais justa seria a prisão sem fiança”, disse. Em 2012, durante o segundo set do jogo da oitava rodada do returno da Superliga masculina de vôlei, o jogador, então no Sada Cruzeiro, ouviu gritos da arquibancada da Arena Minas, na rua da Bahia, em Belo Horizonte, vindo de uma torcedora do time local. “Vai lá, macaco, volta pro zoológico.”

A torcedora acabou não sendo identificada, e, por uma opção do jogador, nenhum processo foi aberto. O Minas recebeu multa no valor de R$ 50 mil após decisão unânime dos juízes do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Vôlei (STJD).

Para Wallace, faltam leis mais severas, o que, na sua opinião, dificulta as denúncias e punições dos casos. “A burocracia era muito grande, acho que as leis de hoje e também daquela época não são suficientemente rigorosas. O sentimento que eu tenho, desde então, é que isso não vai mudar. Sinceramente, não sei se isso vai acabar um dia”, afirma o jogador.

Não somente no Brasil

Wallace lembra que essa não é uma questão exclusiva do Brasil e que tem acontecido com frequência em vários países.

“Uma situação que aprovei e gostaria de ter feito foi a do Daniel Alves, quando ele comeu uma banana atirada pelo torcedor. Pra quem é o responsável pela injúria, ver aquilo deve ter sido muito incômodo”, disse ao relembrar o caso do lateral-direito brasileiro.

Na ocasião, o jogador defendia o Barcelona e sofreu injúria racial por parte de torcedores do Villarreal, em uma partida do Campeonato Espanhol, quando sofreu injúria racial por parte de torcedores do Villarreal.  “Quem faz isso parece não ter estrutura familiar”, completou Wallace.

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