Cemitério dos Elefantes

Galo: estádio do Colón venceu tragédia e virou lendário com Pelé e Maradona

Palco do duelo entre Los Sabaleros e Atlético também sofreu com a pior enchente da história de Santa Fé

Gabriel Pazini| Enviado Especial
18/09/19 - 20h59

Rosario, Argentina. Quando se fala em grandes palcos do futebol na Argentina, geralmente as pessoas comentam La Bombonera, Monumental de Núñez, El Cilindro de Avellaneda, entre outros estádios de gigantes do país vizinho. No entanto, existe uma "cancha" lendária quase sempre esquecida.

Trata-se do Estádio Brigadier General Estanislao López, o famoso Cemitério dos Elefantes, em Santa Fé, casa do Colón-ARG, e onde o Atlético irá jogar nesta quinta-feira (19), às 21h30 (de Brasília), contra os anfitriões, pelo duelo de ida das semifinais da Copa Sul-americana.

A lenda começou e o apelido surgiu porque, mesmo nunca tendo conquistado um grande título em seus 114 anos de história, levantando apenas taças de competições inferiores, o Colón sempre foi um pesadelo para os gigantes em sua casa. A história se iniciou com vitórias nas décadas de 1950 e 1960 sobre o Boca Juniors-ARG e o poderoso Peñarol-URU, mas ganhou peso para valer e o ar mítico em 1964. Neste ano, Los Sabaleros venceram "apenas" o Santos de Pelé e a seleção argentina.

O Peixe, então melhor time do mundo, caiu no Cemitério dos Elefantes depois de vencer Godoy Cruz (3 a 2), Talleres (2 a 1), Racing (2 a 1) e Boca Juniors (4 a 3) em uma excursão que fazia na Argentina. O duelo em Santa Fé foi um amistoso comemorativo pelos 59 anos do Colón e o clube brasileiro recebeu 2 milhões de pesos para jogar, fora um seguro que protegia seus melhores jogadores, entre eles, Pelé. A inesperada vitória dos Sabaleros por 2 a 1 foi épica e encerrou uma incrível sequência de 43 jogos de invencibilidade do Santos. No mesmo ano, a seleção argentina também caiu no Cemitério dos Elefantes, derrotada em um amistoso por 2 a 0.

O curioso é que, além de Pelé, outras lendas do futebol também pisaram no gramado do Brigadier General Estanislao López. E é incrível como também não tiveram sorte, se juntando aos gigantes que caíram no Cemitério dos Elefantes. Diego Armando Maradona e Lionel Messi também jogaram na cancha. O eterno craque por Argentinos Juniors e Boca Juniors e depois, em 2007, quando apresentou a camisa oficial do Colón em um amistoso. 

Já o gênio do Barcelona sofreu no gramado do estádio com a seleção argentina na Copa América de 2011. No local, a Albiceleste empatou sem gols com a Colômbia na fase de grupos e foi eliminada pelo Uruguai nas quartas de final, em uma atuação épica de Muslera, goleiro da Celeste Olímpica. Foi "apenas" mais um dos capítulos do jejum de títulos do país, que não levanta uma taça com seu selecionado principal desde a Copa América de 1993.

A parte triste

No entanto, a história do Cemitério dos Elefantes também tem seus capítulos tristes. E o maior deles não envolveu uma partida lendária.

Em 2003, Santa Fé sofreu uma grave inundação com a enchente do Rio Salado, a pior da província em cinco séculos, que causou a morte de 18 pessoas e deixou 16 mil desabrigadas. Além disso, 40% da província foi inundada e 60 mil habitantes precisaram deixar suas casas.

O Cemitério dos Elefantes também sofreu com a enchente e foi inundado. As imagens são impressionantes.

O Colón e o Cemitério dos Elefantes, assim como a província de Santa Fé, porém, superaram a dor e o trauma e seguiram em frente. Além da pressão de uma fanática torcida, bem ao estilo argentino, o Atlético, nesta noite, pode esperar o peso de jogar em um palco lendário, com considerável peso histórico.

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