Segredos da façanha

Estrutura, 'pé no chão' e parceria levam Tombense a fazer história no Estadual

Presidente Iane Gaviole relembra história do clube de Tombos, que quer surpreender o Galo na decisão, sem tirar o foco da série C

Daniel Ottoni| @dottoni
07/08/20 - 07h00

O feito do Tombense no Campeonato MIneiro, que ainda nem terminou, é histórico e será lembrado por muitos anos. Pela primeira vez em todas as edições do torneio, um time do interior supera os grandes e termina a fase de classificação na liderança. A presença das equipes de fora da capital, que antes eram figurantes, agora ganha um outro valor com a campanha do time de Tombos, que confirmou presença na decisão, contra o Atlético, após eliminar a Caldense nas semifinais. O time da Zona da Mata, já declarado campeão do interior, quer mais. O Tombense  vai jogar por dois resultados iguais para ir ainda mais longe no Estadual. Antes disso, começa sua caminhada, no sábado, na série C após o título da D em 2019. 

Os frutos colhidos agora são um plantio de um trabalho que começou em 1999 e passou por alguns percalços, como não ter condições de disputar a série D, antes de se estabilizar. Já são oito anos seguidos na primeira divisão estadual, chegando nas semifinais pela terceira vez. 

"O que conta muito a nosso favor é um trabalho de pé no chão. Investimos muito em estrutura e sabemos a importância que isso tem para os resultados dentro de campo. Contamos com um hotel e restaurante próprio, apartamentos mobiliados para jogadores que são casados, tudo isso em uma cidade pequena. Às vezes, não é tão fácil trazer atletas de fora. Nosso CT tem 165 mil metros quadrados, três bons campos e uma academia de 700 metros quadrados, que poucos clubes têm. O Tombense, hoje, é o grande representante da Zona da Mata em cenário estadual, superando o trabalho de cidades bem mais populosas. Na pandemia, não sofremos perda de peças do elenco, mantivemos todos os jogadores e ainda trouxemos outros cinco para a série C", comenta o presidente Lane Gaviole.

"Nossa estrutura vai crescer ainda mais, temos tudo pra chegar na série B, um grande objetivo para coroar nosso trabalho. Na segunda divisão, não queremos só a presença e sim a manutenção. Isso será o mais importante", detalhe. 

Liderança como prêmio

O Tombense, ciente da competitividade do Campeonato Mineiro, sabia das suas chances de ter uma boa campanha, ao mesmo tempo em que se manter na elite era um dos objetivos. A primeira posição superou qualquer expectativa. "Começamos com meta traçada de classificar. Mas também sabíamos que era importante distanciar, o quanto antes, das últimas posições, para não ver risco de rebaixamento incomodar. Em todos os anos, trabalhamos para ficar entre os quatro. Em 2020, o que conseguimos foi muito além do que esperávamos, ficar em primeiro foi resultado do bom trabalho", destaca Gaviole. 

Parceria que deu certo

Desde o começo do projeto, o Tombense conta com um apoio fora dos gramados que é decisivo para os resultados dentro dele. A boa relação entre o presidente Lane Gaviole e o empresário Eduardo Uram é a base para que oportunidades de acordos sejam bem aproveitadas, dando aos atletas chance de mostrarem sua qualidade e contribuírem com a equipe e também com o investidor.

"A gente vê situação parecida no Atlético e também contamos com um parceiro de muito tempo. São 22 anos de estrada em que o Uram está do nosso lado, algo difícil de acontecer. Ele se tornou um amigo, que nos ajuda muito. Ele sabe da nossa estrutura e traz jogadores em uma parceria sem vaidade. Acho que isso faz toda a diferença", pontua o presidente.

O suporte do empresário abre portas para que atletas recebam oportunidades de mostrar seu valor, tendo o clube como uma vitrine para outros mercados, dentro e fora do país. A saída de jogadores é algo natural, que tem a parceria como referência para a reposição de peças.

"Nosso trabalho é revelar atletas, gostamos de trabalhar com jovens que podem ter novas chances em clubes maiores. Sempre que algum sai, trazemos outro à altura, é algo natural em todos os clubes. Os valores não são de um time grande, ao contrário da estrutura", reforça o presidente. 

A presença na série C, após título da quarta divisão em 2019, já ganha nova projeção, visando manter o bom desempenho após a façanha no Estadual. "Temos condição de fazer um bom trabalho, mas não vejo o time como favorito. Queremos brigar pelas primeiras posições e essa campanha inédita no Mineiro nos dá a certeza de que estamos no caminho certo, do nosso potencial. O trabalho fortalece o projeto, deixa os jogadores confiantes, sabemos que fizemos uma campanha que nenhum time conseguiu em Minas Gerais", lembra. 

Um passo de cada vez

No ano de 2013, o Tombense não teve condições financeiras de participar da série D. Apesar da frustração, o jeito foi encarar a realidade, desistindo do torneio que poderia render mais prejuízos do que vantagens. "Essa questão do pé no chão reapareceu aqui também. Nosso foco, nesta época, era a base, estruturar os times de baixo antes de um maior investimento no profissional. Disputamos a terceira divisão do Mineiro e fomos conquistando bons resultados na elite do Mineiro. É a terceira semifinal que fazemos, ficamos em quinto lugar duas vezes, isso tudo mostra nosso crescimento e consolidação do trabalho. Nos falta o sonho da B para divulgar os jogadores, a cidade e mostrar que o Tombense também é uma vitrine", salienta o presidente.  
 

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