Festa da resistência

Com homenagem à rebelião de Stonewall, Paradas LGBT são realizadas no país

Parada do Orgulho LGBT de São Paulo será realizada no próximo domingo, 23; BH promove sua festa em julho

Ter, 18/06/19 - 03h00

No dia 28 de junho de 1969, quando a homossexualidade ainda era tratada como um crime nos Estados Unidos, a comunidade de gays, lésbicas e transexuais do bar Stonewall Inn, em São Francisco, se rebelou – pela primeira vez – contra a violência de mais uma batida policial. Este é considerado um marco do movimento de luta pelos direitos LGBT em todo o mundo. Por isso, neste ano, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo vai relembrar os 50 anos dessa conquista histórica. E, agora, o público de cerca de 3 milhões de pessoas que comparecer à festa, vai celebrar também a decisão do Supremo Tribunal Federal de criminalizar a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero no Brasil. 

A 23ª edição da Parada está marcada para o próximo domingo, dia 23. Serão 19 trios elétricos com atrações diversas, entre elas a ex-spice girl Mel C, Iza, Luisa Sonza, Gloria Groove, Aretuza Love e MC Pocahontas. Tudo gratuito em plena avenida Paulista. 
Segundo Nelson Pereira, do conselho de sócios-fundadores da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), o evento continua com o mesmo objetivo de 1997: “dar visibilidade à essência LGBT enquanto cidadãos”, diz. “A Parada se tornou um marco para além do movimento LGBT. É um evento da cidade, que traz alegria e manifestação política junto”, afirma. 


Panorama

Apesar de ser a festa mais importante hoje no Brasil, a Parada de São Paulo não tem a visibilidade que deveria no mundo. “Ela é pouca divulgada lá fora. Se pegar estatística pela organização do evento, o número de estrangeiros varia entre 3% e 5%. Além da Parada, a prefeitura deveria divulgar o que poderia ser feito em São Paulo”, explica Marcelo Michieletto, vice-presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil. Segundo Marcelo, o Rio de Janeiro tem hoje uma das festas mais emblemáticas e a de Belo Horizonte vem crescendo muito. 

Ainda não existem estudos nacionais sobre o perfil do turismo LGBT no Brasil. Mas no mundo existem pesquisas como do consultor e especialista em viagens LGBT Peter Jordan, que estimam que a pessoa LGBT viaja quatro vezes mais que um viajante hétero. 
Para receber bem este público, Marcelo diz que o Ministério do Turismo – antes do Governo atual, que retirou o incentivo ao turismo LGBT do Plano Nacional – lançou uma cartilha educativa para o trade. Governos estaduais e municipais, associações e iniciativas privadas também estão atentas a esse movimento, instruindo colaboradores. 

Belo Horizonte

Com o tema “Não aos retrocessos! Revivendo Stonewall”, Belo Horizonte realiza sua 22ª Parada do Orgulho LGBT no dia 14 de julho. “Vamos fazer uma ponte entre àquelas lutas de resistência e os retrocessos das políticas públicas atuais”, explica Rafael Orsini, que integra a equipe do Cellos, responsável pela organização da Parada. A expectativa é de atrair um público de 150 mil pessoas à Praça da Estação. Serão seis trios elétricos. Inf.: paradalgbtbh.com.br

 

Paradas LGBT pelo mundo

São Francisco. Dias 29 e 30 de junho. sfpride.org.
Tel Aviv. 2019 já foi; a de 2020 está marcada para 14 a 20/6. facebook.com/tlvpride.

Amsterdã. 27/7 a 4/8. amsterdamgaypride.nl.

Pride of the America. 16 a 26/4/2020. Fort Lauderdale. bit.ly/2XTx2ER.

World Pride. Durante junho. Nova York. bit.ly/2vIGRtc

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