Clima ameno

Conheça a história do café em Maciço de Baturité, na região serrana do Ceará

Roteiro por 13 municípios leva visitante a conhecer antigas fazendas que cultivavam o grão; primeiras mudas foram plantadas no século XIX

Sáb, 08/09/18 - 03h00

Pouco mais de 100 km separam Fortaleza do Maciço de Baturité, que abriga a mais extensa Área de Proteção Ambiental (APA) do Estado do Ceará, com 32.690 hectares. Ali, a produção de café remonta a 1820, quando as primeiras mudas foram plantadas pelas mãos do fazendeiro Manoel Felipe Castelo Branco. O produto se adaptou bem ao solo por causa da altitude e do clima mais ameno – as cidades localizadas no alto da serra se encontram entre 800 m e 900 m acima do nível do mar; o ponto mais alto, o pico Alto, em Guaramiranga, chega a 1.100 m. De dia, a temperatura atinge os 22°C, 23°C. À noite, pode chegar a 16 °C. Ou seja, leve casaco!

Dos 13 municípios localizados no entorno da cadeia montanhosa, quatro fazem parte da Rota Verde do Café: Guaramiranga, Mulungu, Pacoti e Baturité. Desde que o Sebrae-CE iniciou um projeto na região, algumas das antigas fazendas abrem suas portas para os turistas. Uma delas é o Sítio Águas Finas, em Guaramiranga, de propriedade de Francisco Uchôa, coronel aposentado do Exército. Com um boné na cabeça, que não tira por nada (“É para não mostrar a careca”, diz), ele recepciona os turistas e os conduz por uma trilha de 21 hectares, sete dos quais ocupados pela plantação de café (cerca de 7.000 pés). O passeio dura cerca de duas horas.

 

Arábica

A maior parte da plantação é de café arábica, também conhecido como “típica”, originário da Etiópia. A colheita é seletiva (são recolhidos apenas grãos maduros), e a secagem é feita em terreno suspenso. para que o café permaneça distante da umidade do solo.

Outra característica é que o cultivo se dá à sombra de ingazeiras, daí o nome de café sombreado. A árvore ajuda no plantio, pois seu fruto, o ingá, atrai a broca, praga considerada a maior inimiga do café. A existência de tais árvores, porém, é fruto de um grande trabalho de replantio, segundo o historiador Levi Jucá. “A região ficou completamente devastada após 50 anos de cultivo a pleno sol. O solo se esgotou e, com isso, a produção decaiu na virada para o século XX”.

 

Vai ter bolo

A 17 km do Águas Finas, o Sítio São Luís, na cidade de Pacoti, também está aberto à visitação. Mas ali o passeio é diferente. Em vez de caminhada por trilhas, a viagem começa com uma explicação sobre a história do casarão, de estilo colonial, e a relação dos antigos e dos atuais moradores com o café. Cadeiras ficam dispostas no primeiro ambiente, após a entrada principal, de frente para um painel que conta como tudo começou.

O passeio inclui visita às dependências da casa e custa R$ 20. Se o visitante quiser comer um bolo quentinho, feito lá mesmo, e tomar um café, o preço sobe para R$ 35. Uma dica: gaste os R$ 15 a mais. Vale a pena, pois é um momento reconfortante, oferecido por Cláudia Maria Mattos Brito de Goes, membro da família proprietária da fazenda.

A Rota Verde do Café inclui ainda visita a outras duas fazendas, o Sítio São Roque, em Mulungu, e a Fazenda Floresta, em Guaramiranga, além do Museu Ferroviário de Baturité e o Mosteiro dos Jesuítas.

 

Serviço:

Passeios

Sítio Águas Finas. Trilhas diariamente às 10h, 11h30, 13h30 e 15h30. R$ 25. Acesso pela CE–356. bit.ly/2vLHfaj

Sítio São Luís. Sábado e domingo, das 10h às 17h. R$ 20 (visita), R$ 25 (só o café) e R$ 35 (visita com café). Acesse bit.ly/2vQUrLh

 

 

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