Amsterdã

Explore o bairro alternativo de NDSM, região de antigo estaleiro

Bairro holandês, em área portuária revitalizada, tem praia, hotel em guindaste, comunidade em barcos, lojas e restaurantes descolados

Por Paulo Campos
Publicado em 24 de novembro de 2018 | 03:00
 
 
O painel do brasileiro Eduardo Kobra, na fachada do museu do grafite Kobra/Site oficial/Reprodução

NDSM, sigla para News Dock Stories Membes, é uma referência à Nederlandsche Droogdok e Scheepsbouw Maatschappij (NDSM), gigante da construção naval que se estabeleceu na região ao norte do rio IJ nos anos 50. Essa área de estaleiros impulsionou o desenvolvimento e o crescimento de Amsterdã nos séculos XIX e XX, numa época em que os canais da cidade já não suportavam mais o fluxo de navios e cargueiros.

Com a falência da NSDM em 1984, a região – abandonada e esquecida até 2010 – foi redesenhada com o auxílio de uma competição do poder municipal. O plano vencedor da fundação Kinetisch Noord, uma iniciativa de ex-invasores, artistas, skatistas e arquitetos, incluía um grande centro de arte e cultura, onde estúdios e espaços de trabalho acessíveis são combinados com atividades culturais.

O bairro é hoje um lugar dinâmico e criativo, onde convergem pistas de skate, escritórios, prédios utilizados como moradia para estudantes ou como estúdios para artistas, restaurantes gourmet, ateliês e bares. NSDM não só sedia os melhores festivais de música, como Over T IJ Festival, Voltt Loves Summer Festival e Valtifest, como acabou atraindo empresas de renome para a região, como MTV e Red Bull. É também uma área popular para os organizadores de festivais e cenário para videoclipes e sessões de fotos.

De balsa

Para chegar até lá, você precisa pegar a balsa da GVB para NDSM-werf, gratuita, que sai em intervalos de 30 minutos atrás da Central Station. Só tome cuidado para não pegar a balsa que vai pro Eye Filmmuseum. Você navega menos de 20 minutos e logo avista um antigo submarino soviético abandonado e depois o Amstel Botel, navio-hotel flutuante luxuosamente decorado, com diária ao preço de 84. Mas há também hotéis de luxo no bairro, como DoubleTree by Hilton.

 

Praia artificial para relaxar ou contemplar o pôr do sol

Depois de descer da balsa, é hora de acessar a Pllek – na tradução, “lugar”. Pouca gente desconfia, mas Amsterdã tem praia – artificial, claro! Pllek é um local descolado, relaxado, com atmosfera de praia, ótimo programa para um fim de tarde para ver o pôr do sol. Se não quer bebericar nada, é só sentar nos banquinhos de madeira na areia e apreciar a vista do skyline. No inverno, o Pllek oferece aconchegante lareira. A programação é variada, de DJs a filmes. À noite, o “lugar” vira uma badalada discoteca.

Erguido com contâineres de transporte reciclado, Pllek abusa da madeira, dos elementos de design e das cores para criar ambientes diferenciados, como um lounge com sofás e almofadas, um restaurante transado e uma parte externa com areia artificial, área de piquenique com toalhas e cadeiras reclináveis, imitando uma praia. O cardápio é “orgânico e responsável”, preparado com legumes sazonais e produtos regionais pelo chef Dimitry Mulder, com saladas, sopas e sanduíches.

 

Para comer

Brooklyn ou Noorderlicht?

Perto da Pllek estão o Cannibale Royale Du Nord e o Noorderlicht. O Cannibale é um lugar para degustar hambúrgueres artesanais em um ambiente descontraído. No cardápio, sanduíches como La Classsique, com 180 g de suculenta carne com cheddar inglês, cebola refogada, tomate e bacon crocante. O Noorderlicht se autodefine como café cultural, onde acontecem eventos alternativos e gratuitos. Ele tem uma varanda envidraçada com vista para o rio IJ, é cercado de muito verde e foi decorado com móveis e objetos peculiares.

 

NSDM-werf

Perder-se por NDSM-werf é se deparar com lojinhas de design como a Van Dijk e KO, Neef Louis e Woodies Berlin – se você é um caçador de pechinchas, melhor é garimpar no mercado de pulgas J-Hallen. Mas nada se compara ao Kunststad, antigo armazém de construção naval com altura de 15 m e área de 20 mil metros quadrados, onde prosperam 250 lojas muito criativas. O galpão de construção naval foi transformado na Cidade das Artes.

 

Gastronomia

A Holanda não tem uma tradição gastronômica, mas em Amsterdã você encontra um pouco de tudo. Atualmente, proliferaram os restaurantes de comida orgânica e vegetariana, uma ode à cultura da saúde e do bem-estar. Um lugar interessante para conhecer é o complexo Food Hallen (foodhallen.nl/). De sobremesa, duas delícias típicas: stroopwaffel, bolachões recheados com caramelo, e poffertjes, espécie de minipanqueca servida com manteiga e açúcar.