Com inscrições já encerradas, a quinta edição do Fórum de Turismo LGBT do Brasil retoma o formato híbrido — parte presencial e outra virtual — e pretende reunir no hotel no Tivoli Mofarrej, em São Paulo, no dia 30 de setembro, das 9h, às 18h, um número limitado de 150 pessoas por conta da pandemia. "O objetivo do fórum é treinar e capacitar o trade em relação às boas práticas em torno do turismo LGBT, trazendo o que cada destino e marca tem a oferecer", afirma Alex Bernardes, da revista ViaG e diretor do fórum.
O evento deste ano é alicercado em quatro painéis: “Turismo para transexuais", “Turismo esportivo para o segmento LGBT”, “Turismo LGBT em destinos não seguros” e "Turismo LGBT em destinos nacionais". A programação conta ainda com workshops com duração entre 10 a 30 minutos ministrados por destinos, órgãos de turismo e operadoras. "Nosso objetivo é discutir como os destinos estão fazendo para instruir o trade a melhor receber o público LGBTQIA+, identificar e combater situações de discriminação", enfatiza.
Destinos nacionais
Pela primeira vez, destinos nacionais participam do fórum, entre eles os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte e a cidade de Recife. A expectativa, segundo Alex Bernardes, é abrir o mercado nacional para o turismo LGBT, de trabalhar o segmento de maneira séria e incisiva. "Até 2018, a pegada do fórum era internacional", reconhece. No ano passado, a pandemia afastou os players de fora.
O fórum — que dobrou de cinco para 18 o número de destinos internacionais participantes nas últimas edições — terá neste ano a presença de Curaçao, no Caribe, Jungfrau, na Suíça, e dos órgãos de promoção Visit Florida e Visit Britain (que lançou no dia 17 um guia LGBT do Reino Unido). Por conta do fechamento das fronteiras, destinos como a Argentina, referência em turismo LGBT, estão de fora do evento. Os "hermanos" anunciaram nesta semana que reabrirão aos turistas brasileiros a partir de 1º de outubro.
Destaques
Em 2019, 240 mil brasileiros LGBTQIA+ visitaram a Argentina. "O turista se sente mais seguro em Buenos Aires e Miami do que no Brasil", comenta Bernardes, esclarecendo que o turismo LGBT passa obrigatoriamente pela implementação de políticas públicas. "Uma cidade só é boa para turista quando é boa para o morador", acrescenta ele, parafraseando o ex-ministro do Turismo Caio Luiz de Carvalho. "Se não é assim, é um tiro no pé". Falta ainda, segundo ele, um trabalho de educação, de discutir o tema com a sociedade como um todo.
Hoje, mais do que nunca, é preciso, na opinião de Bernardes, "nichar" o segmento. No Brasil, destinos como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Salvador já são mais receptivos a esse público, mas outros vem se destacando nos últimos anos. É o caso de Bonito (MS), onde foi criada pelo governo a Subsecretaria de Políticas Públicas LGBT. Outros destinos que se destacam são Brotas e Socorro (SP), Fernando de Noronha (PE), Gonçalves (MG) e Pipa (RN). Em Gramado e Canela (RS), empresários criaram um receptivo LGBT.
Turismo para trans
Na abertura da programação do fórum, um painel mediado por Mauro de Souza, influencer digital e filho do cartunista Maurício de Souza, discute o “Turismo para transexuais”. Participam do debate a atriz e transexual Glamour Garcia, da novela "A Dona do Pedaço", e Paulo Renato Silva, transexual e gerente de Planejamento Estratégico da plataforma Amadeus. "O Brasil ainda é agressivo contra essa população. Muitas empresas, no entanto, estão tirando essas pessoas das ruas e trazendo para o mercado corporativo", destaca.
De olho no “Turismo esportivo para o segmento LGBT”, André Machado, diretor do time de futebol Bees Cats (RJ), e Pedro Gariani, do Clube Unicorns Brazil e organizador da Taça True Colors, falarão sobre a demanda e as ofertas existentes de mercado. O painel será mediado por Carolina Mokshin, atleta e proprietária da Unique Travel Collection (UTC). "Os Jogos Olímpicos deste ano foram os dos atletas fora do armário. Percebemos então como o esporte pode ser inclusivo, mostrando para o trade oportunidades de negócios", afirma.
Não seguros
O terceiro painel traz o “Turismo LGBT em destinos não seguros” para orientar as operadoras e agências de viagens a instruir os viajantes. Há muitos países que criminalizam práticas homossexuais, como Arábia Saudita, Egito, Emnirados Árabes e Rússia. "Vale a pena o viajante ir para um lugar desses?", questiona Bernardes. O conteúdo será discutido por Marcel Micheletto, da operadora Diversa Turismo, e Lucas Corazza, chef, influencer e viajante, acom mediação da apresentadora Alípio Camanzano, do "Lipe Travel Show".
A rodada de painéis será encerrada com a apresentação “Turismo LGBT nos destinos nacionais”. Com 40 minutos de duração, a apresentação terá Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur), Bruno Reis, presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), e Sérgio Ricardo de Almeida, presidente da Turis Rio, com mediação de Tony Goes, colunista do jornal "Folha de São Paulo". A ideia é entender a resistência de alguns destinos em receber o turista LGBTQIA+.
Alex Bernardes também elogia a postura do governador Eduardo Leite em assumir a homossexualidade publicamente. "Eu chei incrível, porque o assunto é um tabu na política. O Eduardo foi muito inteligente, porque é uma arma a menos contra ele. Mostra ainda que ser homossexual não impede de exercer qualquer função. É uma postura importante. O fato gera uma facilidade para que o Estado possa se comunicar mais com esse público".
Serviço
Fórum de Turismo LGBT do Brasil
Data: 30/9, das 9h às 18h
Local: Tivoli Mofarrej São Paulo, com transmissão pelo perfil do jornal Brasilturis no Youtube
Site: Fórum de Turismo LGBT do Brasil
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