Entrevista

Organização social de Minas vai restaurar a única fortaleza da América do Sul

APPA – Cultura e Patrimônio comemora 31 anos e expande suas ações para o Norte do país

Por Paulo Campos
Publicado em 14 de março de 2024 | 08:00
 
 
Xavier Vieira, presidente da APPA – Cultura e Patrimônio, apresenta o projeto de restauração da fortaleza durante a audiência pública Foto: APPA / Divulgação

No dia 4 de fevereiro, a Organização Social (OS) sem fins lucrativos APPA – Cultura e Patrimônio completou 31 anos. Ao longo de três décadas, a entidade captou R$ 210 milhões em projetos. Desde o ano passado, a OS mineira está ultrapassando as fronteiras do Estado e ampliando sua atuação para a região Norte do país. A APPA trabalha em três projetos de relevância histórica e cultural – a Fortaleza de São José de Macapá, na capital amapaense, o Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques, em Rondônia, e a Cadeia Pública de Manaus, no Amazonas. “Nós queremos cada vez mais estar presentes na região Norte, tanto pela relevância estratégica global que essa região hoje tem quanto pela demanda da gestão de equipamentos culturais e turísticos”, afirma Xavier Vieira, presidente da entidade, reconduzido ao cargo para o quadriênio 2023-2027.

Com 242 anos completados no dia 19 de fevereiro, a Fortaleza de São José de Macapá, às margens do rio Amazonas, é hoje o principal cartão-postal da capital do Amapá e também a maior fortificação do país. Construída entre 1764 e 1782 para proteger as fronteiras do “Cabo Norte”, como era conhecido o Amapá no período colonial, a fortaleza – tombada como Patrimônio Histórico Nacional – é candidata a Patrimônio Cultural Mundial da Humanidade pela Unesco. As obras emergenciais para manter a integridade do espaço estão previstas para começar daqui a dois meses. Em novembro do ano passado, uma chamada pública realizada pelo governo do Amapá ouviu a população sobre o uso que ela queria para o espaço. A comunidade apontou para a transformação dos ambientes em um espaço para atividades culturais, como exposição, oficinas e pequenos shows, auditório multiuso, restaurante e centro de informações turísticas.

“Hoje, a APPA tem em mãos dois equipamentos – São José de Macapá e Real Forte Príncipe da Beira – definidores da fronteira do Brasil na região Norte, de relevância local, que contam não só a história de suas cidades e seus Estados, mas a extrapolam. Podemos falar das grandes navegações, da colonização europeia e muito mais. Ambos também são candidatos a Patrimônio Mundial da Humanidade junto à Unesco”, destaca Xavier Vieira. Nesta entrevista ao portal O Tempo e FM O TEMPO 91,7, o presidente da APPA fala da parceria-privada com a Fundação Clóvis Salgado, onde realiza cogestão de equipamentos como o Palácio das Artes e o Palácio da Liberdade, da restauração da Pinacoteca e do Centro de Patrimônio Cemig, na praça da Liberdade, da polêmica em torno das leis de incentivo à cultura e das perspectivas para os próximos 30 anos.

Segundo ele, a APPA – Cultura e Patrimônio já abriu seu objeto estatutário para trabalhar, além da cultura, também o meio ambiente e o turismo. “O turismo está muito próximo da cultura e um é fortalecedor do outro. Nós temos a maior parte do turismo mineiro fomentado por seus atrativos patrimoniais. Em relação ao meio ambiente, chegamos a um ponto do planeta que não podemos fazer nada sem considerar o meio ambiente. Nossa missão é, ao menos, conseguir mitigar os impactos negativos que a gente causa ao meio ambiente”, salienta o gestor. Desde 2017, a entidade mineira – uma das poucas fora do eixo Rio-São Paulo a se projetar em outras unidades da federação – elabora sua expansão através de um planejamento minucioso e estratégico, que Vieira define como “ganhos de relevância, projeção, envergadura e abrangência geográfica”.

Confira a entrevista completa: