O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, território palestino governado pelo movimento islamista Hamas, anunciou neste sábado (22) que 37.396 pessoas morreram desde o início da guerra com Israel em 7 de outubro.

Ao menos 120 pessoas morreram nas últimas 48 horas, segundo o comunicado do ministério, que também afirma que 85.911 ficaram feridas em mais de oito meses de conflito. 

Na sexta-feira (21), pelo menos 22 pessoas morreram e 45 ficaram feridas por um bombardeio que danificou o escritório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Faixa de Gaza, uma instalação rodeada por centenas de desalojados.

Este novo episódio de violência acontece enquanto o Exército israelense intensifica seus ataques contra o território palestino, onde horas antes morreram pelo menos 30 pessoas, segundo fontes médicas, e troca agressões na fronteira com o Hezbollah libanês, movimento islamista financiado pelo Irã.

Segundo o CICV, o bombardeio "provocou uma afluência massiva de vítimas ao hospital próximo de campanha da Cruz Vermelha", que "recebeu 22 mortos e 45 feridos", escreveu a entidade humanitária na rede social X.

Um porta-voz do Exército israelense disse à reportagem que "uma investigação inicial sugere que não há indícios de que o IDF (Exército israelense) tenha realizado um ataque na zona humanitária de Al-Mawasi". "O incidente está sendo investigado", acrescentou.

"Disparar tão perigosamente perto de estruturas humanitárias, cuja localização é de conhecimento das partes no conflito e que estão claramente marcadas com o emblema da Cruz Vermelha, coloca em perigo a vida dos civis e dos funcionários", criticou o CICV. 

Intensificação dos ataques 
 

As forças israelenses intensificaram nesta sexta-feira (21) seus bombardeios no território palestino, de 2,4 milhões de habitantes, disseram testemunhas.

"Foi um dia difícil e muito violento na Cidade de Gaza. Até agora, cerca de 30 mártires foram levados ao hospital Al Ahli", declarou o médico Fadel Naim, diretor do estabelecimento naquela localidade do norte da Faixa.

Testemunhas relataram também bombardeios no centro do território e em Rafah, ao sul.

Mais de um milhão das 1,4 milhão de pessoas que viviam em Rafah, em sua maioria deslocadas pela guerra, fugiram desde 7 de maio, quando começou a operação terrestre israelense na cidade, indicou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo essa agência sanitária da ONU, em 17 de maio restavam 750 pessoas no centro urbano de Rafah e entre 60 mil e 75 mil pessoas permaneciam na área de Al Mawasi, a cerca de 10 km daquela cidade fronteiriça com o Egito.

Após mais de oito meses de guerra, a situação em Gaza é crítica e a população está à beira da fome, alerta a ONU.

A ajuda humanitária chega a conta-gotas e a "pausa" diária anunciada pelo Exército israelense nas operações no sul não tem "nenhum impacto" no encaminhamento de alimentos, assegurou nesta sexta-feira o doutor Richard Peeperkorn, um responsável da OMS para os territórios palestinos ocupados.

A guerra começou em 7 de outubro, quando militantes islamistas do Hamas mataram 1.194 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses. O Exército israelense estima que 116 pessoas continuam em cativeiro em Gaza, 41 das quais teriam morrido.  (AFP)